SAÚDE MENTAL
Nicole Mamede. Estudante de psicologia na Faculdade São Francisco de Assis. Estagiária em Psicologia Clínica.
Pode-se dizer que a cada dia vêm se disseminando uma maior conscientização do que vem a ser a saúde mental e o quão necessário é cuidar desta, dado que é sistêmico o funcionamento mental ao corporal. Muitas patologias ligadas ao funcionamento psíquico, de importância ignorada e negligenciada em gerações anteriores, vêm sendo cada vez mais conhecidas e têm levado mais pessoas a procurar profissionais que possam ajudá-las.
O adoecimento psíquico pode se dar pela sobrecarga de estímulos (exigências externas e internas) diante das condições que cada um tem de suportar, lidar, ou mesmo enfrentar. Não é sobre fraquezas e comparações entre as pessoas, mas sobre considerar que cada um tem sua história de vida e que cada pessoa foi modulada por diversos fatores a reagir de alguma forma, o que nos leva a ao conceito de singularidade, sendo este o conjunto de aspectos vividos em uma perspectiva individual para com a realidade e que, portanto, nos torna únicos.
Alguns estigmas também vêm sendo questionados no que diz respeito à saúde mental. Um deles é sobre a possibilidade de qualidade de vida à sujeitos que sofram de algum transtorno psíquico. E sim, a saúde implica não apenas em um tratamento contrário à doença, mas, de uma forma mais ampla, à promoção de bem-estar na vida de cada um, sendo importante então esse investimento na parte saudável de cada um, pois nenhum sujeito funciona permanentemente em crise ou é constituído de uma total patologia.
O cuidado na saúde mental solicita que possamos dar atenção aos nossos processos, internos e externos, pois estão interligados e afetam o nosso funcionamento geral. Atentar a como o corpo e a mente respondem às relações diversas, aos ambientes onde se transita, aos recursos materiais disponíveis e à forma como se lida consigo mesmo, bem como ao cuidados e descuidados que possam estar presentes em todas estas dinâmicas, é algo que pode alertar sobre o que é de responsabilidade de si, do outro, ou mesmo da combinação produzida pelo “nós” do coletivo, favorecendo uma possível redução de potenciais estressores que estão fora de nosso controle e um aumento de autonomia quanto à autopercepção.
Além das condições orgânicas necessárias na promoção de saúde, como sono, alimentação e hidratação adequados; baixo nível de estresse, prática de atividade física; há também essa contingência à qual todos estão submetidos, de uma forma geral, que é o convívio social. E ao considerar o ritmo acelerado de vida na atualidade, a dificuldade em conseguir lidar com diversas necessidades e atividades cotidianas pode colocar o psiquismo em risco de adquirir um transtorno decorrente de sofrimento produzido por tais experiências.
A qualidade de vida está ligada a como se processa e reage aos eventos que ocorrem no dia-a-dia, e ao autoconhecimento que cada um dispõe para gerir as situações, sem que se produza o sofrimento de forma excessiva, que é capaz de colocar o indivíduo em uma zona paralisadora, desgastante e desoladora.
É de extrema importância que se busque por ajuda de profissionais qualificados da área psi (psicoterapeutas, psicólogos e psiquiatras), ou mesmo por serviços interdisciplinares (em rede) dos demais profissionais da área da saúde, para o auxílio no manejo de situações críticas no que diz respeito ao sofrimento psíquico e aos seus possíveis efeitos no corpo, e na vida como um todo, de cada sujeito.
REFERÊNCIAS: GAINO, Loraine Vivian; SOUZA, Jacqueline de Souza; CIRINEU, Cleber Tiago; TULIMOSKY, Talissa Daniele. O conceito de saúde mental para profissionais de saúde: um estudo transversal e qualitativo. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. Abr.-Jun 2018. Disponível em: