A Importância do Brincar com a Criança Autista

autismo-1024Um dos trabalhos do fonoaudiólogo é a intervenção precoce e continuada nos distúrbios da comunicação, buscando desta forma o desenvolvimento da linguagem receptiva e expressiva, oral, gestual e escrita da criança portadora do transtorno autista.

O brincar no espaço terapêutico é um instrumento fundamental para o diagnóstico na infância. Alguns estudos sugerem que o comprometimento do desenvolvimento da linguagem na criança autista pode ser explicado por falhas na imaginação como também na capacidade simbólica.

Durante a brincadeira, o envolvimento pessoal do adulto torna-se essencial na construção da base das demais relações do sujeito. Essa interação proporciona o aprendizado da reciprocidade como também sentimento afetivo, o que resulta no fortalecimento da segurança e da confiança. Alguns teóricos, como Melanie Klein*, perceberam no atendimento com crianças que, ao utilizar brinquedos, tal recurso favorecia o contato. Dessa forma, compreende-se que o brinquedo manifesta-se como objeto de expressão da criança, pelo qual ela irá expressar suas fantasias, desejos e experiências reais, de forma simbólica.

Um estudo realizado em 2006* comparou o desempenho lúdico em dois momentos distintos: livre e dirigido, buscando traçar a diferença quando há a ausência ou a presença do adulto como orientador das explorações lúdicas compartilhadas, acreditando que a linguagem é construída através da representação mental, até mesmo para a construção da palavra.

Uma das observações do estudo foi que a mediação do adulto, através de modelo e incentivo, levou a criança a explorar novas formas de brincar. Essas descrições sugerem que a análise do jogo da criança portadora de autismo, com participação ativa do profissional, pode levar à descrição de seus modos e prognóstico de comunicação.

O importante é proporcionar brincadeiras à criança com autismo que desenvolvam autoconfiança, consciência corporal e relações positivas com o outro. Compreendendo assim, que ela é uma criança que precisa ser amada acima de tudo e estimulada um pouco mais para que se desenvolva.

Artigo escrito por Manoela Bo. Czuka – Fonoaudióloga

Referências Bibliográficas:

  • Klein (1923) apud Glenn J. Psicanálise e Psicoterapia de Crianças. Porto Alegre, 1992, p. 253.
  • *A atividade lúdica no autismo infantil Ana Carina Tamanaha, Brasilia Maria Chiari, Jacy Perissinoto, Marcia Regina Pedromônico -Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 18(3): 307-312, dezembro, 2006