Artigo escrito pela Psicóloga Ana Cláudia Menini Bezerra
O transtorno de conduta é caracterizado por comportamento antissocial persistente com violação de normas ou direitos individuais. Os comportamentos disruptivos ocorrem em casa, escola e/ou comunidade.
Os principais sintomas presentes são:
Agressão a pessoas e animais
- Perseguir, atormentar, ameaçar ou intimidar os outros
- Iniciar lutas corporais
- Usar “armas” que podem causar ferimentos
- Ser fisicamente cruel com as pessoas
- Ser fisicamente cruel com animais, ferindo-os
- Roubar ou assaltar, confrontando a vítima
- Submeter alguém a atividade sexual forçada
Destruição de propriedade
- Iniciar incêndio com a intenção de provocar sérios danos
- Destruir propriedade alheia deliberadamente
Falsidade ou Furto
- Arrombar e invadir casa, prédio, carro
- Mentir e enganar para obter ganhos materiais ou favores para fugir de obrigações
- Furtar objetos de valor
Violações graves de regras
- Passar a noite fora, apesar da proibição dos pais
- Fugir de casa pelo menos duas vezes
- Faltar a escola sem motivo
O diagnóstico de transtorno de conduta aplica-se a indivíduos com idade inferior a 18 anos e requer a presença de pelo menos 3 (três) desses comportamentos nos últimos 12 meses e de pelo menos um comportamento antissocial nos últimos seis meses.
Os fatores de risco para o desenvolvimento deste transtorno podem ser:
Temperamentais: Temperamento infantil de difícil controle e inteligência abaixo da média;
Ambientais: Rejeição e negligência familiar, disciplina agressiva, abuso físico ou sexual, criminalidade parental (exposição à violência);
Genéticos e fisiológicos: pais biológicos, adotivos ou irmãos com o transtorno. Diferenças estruturais e funcionais em regiões do cérebro associadas à regulação e ao processamento do afeto;
Modificadores do curso: Persistência em casos de subtipo com início na infância e “com emoções pró-sociais limitadas”. Comorbidade com TDAH e Abuso de Substâncias.
Prognóstico e Tratamento
Independente da modalidade de tratamento, o prognóstico é muito reservado. O tratamento tem como objetivo reconstruir a consciência e o superego por meio de um trabalho intensivo com os pais para estabelecer uma estrutura consistente, livre de corrupção e dirigida a um vínculo com o terapeuta.
Devem ser tomadas medidas de proteção para o indivíduo, para a família e para a sociedade. Também deve-se verificar sintomas farmacologicamente tratáveis (TDAH, impulsos, episódios psicóticos). Em muitos casos se faz necessária a internação como forma de proteção para o indivíduo e para as pessoas ao seu redor.
As intervenções existentes englobam terapia de apoio para a família com o intuito de trabalhar a sobrecarga de raiva e desesperança. Estes sentimentos ao serem captados pela criança/adolescente podem fazer com que o quadro piore. Existe uma tendência da família a negar a gravidade do quadro e deve-se capacitá-los para o estabelecimento firme e consistente de limites.
Caso existam irmãos, deve-se limitar o contato até que consiga interagir de forma não-agressiva.
Mediante uma situação de roubo os familiares devem estimular a devolução/reparação enfatizando a seriedade desta atitude.
A família deve estar atenta aos comportamentos e resultados (ex.: se fez ou não a tarefa de casa) como medida para prevenir a presença de mentiras e tentativas de manipulação.
Os sinais de arrependimento devem ser demonstrados e não apenas expressado verbalmente de forma mecânica (Pedido de desculpas).
Quando detectado na infância a Ludoterapia pode facilitar a canalização das fantasias agressivas e sádicas por meio do brinquedo e desenhos. Desta forma, o terapeuta auxilia na diminuição da expressão em comportamentos agressivos dirigidos aos amigos, pais e/ou familiares.
REFERÊNCIAS:
DSM-V. (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição. Porto Alegre: Artmed.
KERNBERG, WEINER & BARDENSTEIN (2003). Transtornos da Personalidade em Crianças e Adolescentes. Porto Alegre: Artmed.