Transtorno de Conduta: Prevenção e Tratamento

Artigo escrito pela Psicóloga Ana Cláudia Menini Bezerra

transtorno de condutaO transtorno de conduta é caracterizado por comportamento antissocial persistente com violação de normas ou direitos individuais. Os comportamentos disruptivos ocorrem em casa, escola e/ou comunidade.

Os principais sintomas presentes são:

Agressão a pessoas e animais

  1. Perseguir, atormentar, ameaçar ou intimidar os outros
  2. Iniciar lutas corporais
  3. Usar “armas” que podem causar ferimentos
  4. Ser fisicamente cruel com as pessoas
  5. Ser fisicamente cruel com animais, ferindo-os
  6. Roubar ou assaltar, confrontando a vítima
  7. Submeter alguém a atividade sexual forçada

Destruição de propriedade

  1. Iniciar incêndio com a intenção de provocar sérios danos
  2. Destruir propriedade alheia deliberadamente

Falsidade ou Furto

  1. Arrombar e invadir casa, prédio, carro
  2. Mentir e enganar para obter ganhos materiais ou favores para fugir de obrigações
  3. Furtar objetos de valor

Violações graves de regras

  1. Passar a noite fora, apesar da proibição dos pais
  2. Fugir de casa pelo menos duas vezes
  3. Faltar a escola sem motivo

O diagnóstico de transtorno de conduta aplica-se a indivíduos com idade inferior a 18 anos e requer a presença de pelo menos 3 (três) desses comportamentos nos últimos 12 meses e de pelo menos um  comportamento antissocial nos últimos seis meses.

Os fatores de risco para o desenvolvimento deste transtorno podem ser:

 Temperamentais: Temperamento infantil de difícil controle e inteligência abaixo da média;

Ambientais: Rejeição e negligência familiar, disciplina agressiva, abuso físico ou sexual, criminalidade parental (exposição à violência);

Genéticos e fisiológicos: pais biológicos, adotivos ou irmãos com o transtorno. Diferenças estruturais e funcionais em regiões do cérebro associadas à regulação e ao processamento do afeto;

Modificadores do curso: Persistência em casos de subtipo com início na infância e “com emoções pró-sociais limitadas”. Comorbidade com TDAH e Abuso de Substâncias.

Prognóstico e Tratamento

Independente da modalidade de tratamento, o prognóstico é muito reservado. O tratamento tem como objetivo reconstruir a consciência e o superego por meio de um trabalho intensivo com os pais para estabelecer uma estrutura consistente, livre de corrupção e dirigida a um vínculo com o terapeuta.

Devem ser tomadas medidas de proteção para o indivíduo, para a família e para a sociedade. Também deve-se verificar sintomas farmacologicamente tratáveis (TDAH, impulsos, episódios psicóticos). Em muitos casos se faz necessária a internação como forma de proteção para o indivíduo e para as pessoas ao seu redor.

As intervenções existentes englobam terapia de apoio para a família com o intuito de trabalhar a sobrecarga de raiva e desesperança. Estes sentimentos ao serem captados pela criança/adolescente podem fazer com que o quadro piore. Existe uma tendência da família a negar a gravidade do quadro e deve-se capacitá-los para o estabelecimento firme e consistente de limites.

Caso existam irmãos, deve-se limitar o contato até que consiga interagir de forma não-agressiva.

Mediante uma situação de roubo os familiares devem estimular a devolução/reparação enfatizando a seriedade desta atitude.

A família deve estar atenta aos comportamentos e resultados (ex.: se fez ou não a tarefa de casa) como medida para prevenir a presença de mentiras e tentativas de manipulação.

Os sinais de arrependimento devem ser demonstrados e não apenas expressado verbalmente de forma mecânica (Pedido de desculpas).

Quando detectado na infância a Ludoterapia pode facilitar a canalização das fantasias agressivas e sádicas por meio do brinquedo e desenhos. Desta forma, o terapeuta auxilia na diminuição da expressão em comportamentos agressivos dirigidos aos amigos, pais e/ou familiares.

REFERÊNCIAS:

DSM-V. (2014).  Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição. Porto Alegre: Artmed.

KERNBERG, WEINER & BARDENSTEIN (2003). Transtornos da Personalidade em Crianças e Adolescentes. Porto Alegre: Artmed.