Nicole A Tartarelli – Psicóloga 07/29435
Idosos: qual o seu ritmo?
No dia 1 de outubro é comemorado o dia do idoso. Em 2003, neste mesmo dia, foi criado o Estatuto do Idoso, medida necessária para reconhecer os direitos e promover proteção aos idosos.
Neste dia também se comemora o dia da música. Podemos até pensar no idoso como uma música: com diferentes ritmos, expressões, comportamentos, melodias.
Alguns com a batida mais lenta, mais tímidos, outros mais agitada, outros com diferentes jeitos de falar e se colocar no mundo.
Assim como na música, infelizmente os idosos também podem ser desvalorizados, estigmatizados ou até mesmo jogados em um descarte, em uma invisibilidade. Invisível para quem? Para quem não quer ver o que está por vir? Para quem não quer ser tratado do jeito que as pessoas tratam os idosos? É a aparência que assusta? Ou até mesmo a troca de ritmo e de perspectivas?
Poderia ser mais fácil, assim como nas músicas, de quanto mais o tempo passa, mais clássico e mais valorizado se fica.
Para alguns o termo “melhor idade” significa essa valorização. Para outros já demonstra uma negação em novamente jogar o idoso para algo inalcançável, ou seja, que é melhor nem se ter por perto. Talvez eu prefira a palavra “envelhescentes”, pessoas no qual tem que lidar com o inconsciente atemporal, com seus desejos e expectativas dentro de um corpo que mostra a marca da temporalidade. Marca na pele, na voz, nas escolhas. São aqueles que estão envelhecendo e se reconstruindo. Há mudanças de inúmeras formas, tanto boas como ruins. Mas quem seríamos nós sem as mudanças? Seríamos apenas um estilo musical? Um único jeito de pensar?
Esta pandemia está nos mostrando que nem só os idosos tem fim, que qualquer um de nós tem. Que sem aviso prévio, algo pode acontecer e nos mostrar que não temos o controle. E que talvez nunca o tivéssemos. Mas fingimos que temos.
E o que fazer quando este ritmo acaba? Quando a música, com histórias, vivências e maturidade se vai? Ficará na nossa memória, assim como na música, com sensações, histórias e lembranças.
Talvez Lenine ajude: “a vida é tão rara”. Ao invés de se preocupar com algo relacionado ao ter, não será melhor valorizar o ser, as pessoas, as suas histórias e marcas? O que podemos ensinar para as crianças que hoje são o futuro deste país?