Renata Rehm, Juciane Feijó, Gabriel Vanin, Karin Richter, Nicole Mamede e
Cássio Nonnemacher
Estresse, Burnout e Pandemia: implicações e comprometimentos resultantes Hoje, dia mundial de combate ao estresse, é necessário tratar sobre como este, que encontra-se presente cotidianamente na vida do sujeito da atualidade, em situações típicas ou atípicas, vem afetando tais vidas no confrontamento com uma pandemia mundial.
O estresse não patológico funciona como uma resposta involuntária do corpo à situações externas que exigem uma postura de luta ou fuga. É um mecanismo de sobrevivência, de defesa natural no funcionamento orgânico humano. Entretanto, se o indivíduo percebe-se constantemente em situações que o ameaçam, que exijam-no tal resposta, ele acaba por ter uma ativação constante de áreas cerebrais responsáveis por responderem a tais estímulos de forma corporal, e passa a perceber qualquer outra situação similar como ameaçadora, tornando a regulação corporal perante o estresse disfuncional.
O mundo contemporâneo tem exigido cada vez mais dos indivíduos que se adaptem, quase que instantaneamente, à mudanças e formas de produção, e consumo decorrente desta, que ocorrem em um ritmo um tanto acelerado. Tais exigências têm se desdobrado em um estresse físico e psíquico contínuo sobre os desempenhos dos sujeitos, levando-os a sufocar-se por sentimentos como desesperança, solidão, depressão, raiva, impaciência, diminuição de empatia, e desenvolver sensações corporais como fraqueza, inquietação excessiva, dores de cabeça, tensão muscular e distúrbios no sono, desencadeando um processo de esgotamento e inoperatividade, conhecido na esfera laboral como Burnout.
O momento de quarentena pede um desaceleramento quanto às exigências de desempenho na tentativa de reduzir os processos ansiogênicos e depressivos associados à estas, bem como o número crescente de indivíduos estressados e paralisados, já que tais condições mexem diretamente com as respostas do sistema imunológico, também requerido em bom funcionamento para manter os indivíduos longe de contrair a COVID-19. Ainda sim, não apenas a boa imunidade é alvo de exigência quanto ao seu desempenho orgânico, como muitos indivíduos têm se sentido ainda mais pressionados a produzir em ambientes home-office, e também fora destes, sem demarcação de turno para trabalhar, estudar, lidar com tarefas domésticas ou do cuidado com a família. Além do isolamento e falta de contato físico com entes queridos, há o medo de ficar doente, morrer ou perder tais entes, o que aumenta ainda mais os sentimentos e sensações citadas e acarretam um maior comprometimento da saúde física e psíquica. Paradoxal é pedir calma e cuidado para uma sociedade que internalizou um dever em seguir produzindo e funcionando freneticamente, e ainda sim, manter tais exigências reais em um ritmo tão veloz quanto o da prévia crise sanitária.
É tempo de investir-se no autocuidado, na busca por ferramentas para lidar com o excesso de demandas e de, principalmente, autorizar-se a fazer uma pausa, dentro da possibilidade que cada um possui, para então reverter uma lógica, um funcionamento que retira de si a capacidade de viver e gozar de saúde para essa vivência. É tempo de buscar ajuda, de profissionais que possam proporcionar auxílio no alívio do sofrimento gerado por essa condição de “super-herói que tudo dá conta” da atualidade, principalmente em tempos de isolamento físico e do sentir-se só.
Referências: CREPALDI, Erica Taciana dos Santos; CORREIA-ZANINI, Marta Regina Gonçalves; MARTURANO, Edna Maria. No limiar do ensino fundamental: estresse, competência e ajustamento em alunos do 1º ano. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 25, n. 2, p. 503-515, jun. 2017 . Disponível em . acessos em 20 set. 2020. http://dx.doi.org/10.9788/TP2017.2-06Pt. SADIR, Maria Angélica; BIGNOTTO, Márcia Maria; LIPP, Marilda Emmanuel Novaes. Stress e qualidade de vida: influência de algumas variáveis pessoais. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 20, n. 45, p. 73-81, Apr. 2010 . Available from . access on 19 Sept. 2020. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2010000100010. PADOVANI, Ricardo da Costa et al . Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 10, n. 1, p. 02-10, jun. 2014 . Disponível em . acessos em 20 set. 2020. http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20140002