ECOS DA JORNADA

A Jornada Cenários Femininos e Masculinos, que aconteceu nos últimos dias 04 e 05 de setembro, uma parceria da Clínica e Instituto Horizontes com o Espaço Criar, contou com o apoio de importantes instituições, Cowap (Comitê de Mulheres e Psicanálise da América Latina, IARGS e IMED. Em 2019, quando este evento começou a ser pensado, ainda não imaginávamos que em março seríamos obrigados a parar e nos distanciar socialmente. Mesmo assim, não nos acomodamos e juntos, seguimos pensando e nos adaptando a nova realidade que se apresentava. Charles Darvin já dizia: “Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim o que melhor se adapta à mudança”. Unindo este pensamento e o trabalho de muitas pessoas, colocamos no ar, na nuvem, no virtual, mais uma jornada. E o resultado não poderia ter sido melhor. Psicanalistas como Leticia Glocer Fiorini, Patricia Alkolombre, Sérgio Lewcowicz, Renata Vives, Gley Costa, Christiane Paixão, Hemerson Ari Mendes, Elaine Nogueira e Ana Paula Terra Machado, abrilhantaram o evento, nos fazendo pensar, desacomodar e acima de tudo nos emocionar com suas contribuições psicanalíticas. Diante de tantas incertezas e novos cenários que o mundo nos apresenta atualmente, diante do não saber, fomos acalentados com reflexões que nos falam de uma possibilidade de um novo mundo possível e isso nos encheu de alegria e realização.

SARA FAGUNDES
Psicóloga

A jornada de cenários femininos e masculinos nos possibilitou um espaço para pensar. Pensar em questões que assolam a sexualidade e que de forma inerente caminha lado a lado do nosso desenvolvimento como seres pensantes. A jornada deu voz a uma diversidade, de pessoas e de muitos saberes que se interligam, se complementam de forma única e especial, nos levando a perceber que estamos sempre em constante pensar, no aqui, no agora e no depois.

JUCIANE FEIJÓ
Estudante de Psicologia em UniRitter, estagiária na Clínica Horizontes.

A jornada Cenários femininos e masculinos foi um espaço onde me despertou diversos sentimentos e curiosidades ainda mais sobre os assuntos falados durante os dois dias de aprendizado. Me questionar ainda mais sobre o que é ser feminino e o que isso quer dizer nos dias atuais e também entender as demais dinâmicas de todo esse conhecimento. Ouvir todos os profissionais foi gratificante tanto pessoalmente, quanto profissionalmente. Só tenho a agradecer por essa oportunidade.

RENATA REHM
Estudante de Psicologia em UniRitter, estagiária na Clínica Horizontes.

Foi de fato uma jornada, das primitivas pinturas rupestres até a contemporânea exposição midiática, vislumbramos os enlaces entre gênero e sexualidade, fantasia e corpo, identidade e desejo. Sempre com a devida referência aos contextos culturais, conversamos sobre o processo de tornar si e reconhecer o outro. Abordamos essa violência histórica e estrutural, questionando intensamente o delírio patriarcal de que homens não choram e mulheres não gozam, objetivando trazer para cena o que por muito tempo estava silenciado por trás das cortinas, ou dentro do armário. Falamos sobre alteridades e pluralidades, tocando o transcender a lógica binária. Refletimos o devir das pulsões parciais, esse vir a ser no encontro com o outro e consigo, em que o interdito organiza, jamais cala.

CÁSSIO NONNEMACHER
Estudante em Psicologia em PUC-RS, estagiário na Clínica Horizontes

CENÁRIOS EM 2020
Sexta e sábado. Inicio de setembro, feriadão à frente, Jornada: Cenários Femininos e Masculinos. Seria em maio, seria presencial. Foi toda on line, pela plataforma Zoom. Como mais um dos tantos acontecimentos desde 2020, seria de uma maneira e foi de outra. A vida, de fato, é mesmo imprevisível. E neste cenário de tantas surpresas e modificações, falamos, proximamente, ainda que pelas câmeras de nossos dispositivos eletrônicos, de mudanças. Parafraseando o poeta Cazuza: “ Vivemos um museu de grandes novidades”. E assim, nesta jornada, vimos a Psicanálise viva e em plena de capacidade de transformações e adaptações. Conceitos como complexo de Édipo, Castração, caminho das pulsões, entre tantos, foram ali colocados, com respeito e cuidado navegando por mares de águas densas, profundas e por vezes desconhecidas. Nosso cenário não é mais o mesmo. O mundo conhecido até então, tem assumido outras formas. O palco da vida nos convida a repensarmos o nosso lugar, na platéia e na cena. Em um momento que requer tanto a nossa capacidade de adaptação e de mudança, todos saímos de alguma maneira transformados em nossos questionamentos e amplitudes de compreensão. Repensar o nosso lugar no mundo e ressignificar o que vivemos tem sido necessário para nossa sobrevivência psíquica.

MÁRCIA MUNHOZ
Psicóloga

Jornada
A Jornada Cenários Femininos e Masculinos foi agregadora em diversos conceitos, sentidos. Umas das colocações que me foi muito relevante foi a ampliação do que conhecemos como “o pai”, ou mesmo a função paterna, a qual foi enfatizado o seu descolamento do órgão sexual (pênis) ou do gênero masculino, não ao considerar tais elementos em sua literalidade, mas sobre a necessidade, ou mesmo hábito, de associá-los, em pleno século XXI, à imagem do homem como portador da mensagem de corte, como mensageiro produtor da alteridade, mesmo que em um resquício transmitido por via do discurso psicanalítico, que bem se sabe, transpassa, permeia a cultura. Atentaram-nos as discussões sobre o dever psicanalítico acerca desse possível desprendimento imagético que propõe romper gradualmente com a conivência na perpetuação dos papéis de gênero na estrutura patriarcal que não mais faz sentido ao que diz respeito às novas configurações relacionais e assujeitadoras, bem como a tão defendida liberdade do sujeito em descobrir-se qual tal o é e se constrói e ao seu desejo e modo de operar-se. O conceito de função terceira ou assujeitadora como responsável pela introdução do ser humano na cultura, ao meu ver, deve ser amplamente explorada na oralidade e na escrita como forma de romper gradativamente as associações feitas dentro de um binarismo que aprisiona homens e mulheres em uma atuação e sofrimento psíquico cotidianos que não mais dão, ouso questionar se em algum momento deram, conta da complexidade humana de colocar-se como ser vivo no mundo pré ou pós-contemporâneo.

NICOLE MAMEDE
Estudante em Psicologia em Faculdade São Francisco de Assis, estagiária na Clínica Horizontes