Dificuldades da fala na infância

A linguagem representada pela fala, pela mímica e pela escrita, não é um momento estanque na vida da criança. Ela é de suma importância, no momento em que quanto mais à criança adquire a capacidade de desenvolver-se pela fala, por gestos ou pela escrita mais ela organiza seus pensamentos.

A linguagem começa a se formar muito antes da criança falar, inicia com o olhar, com a expressão facial, ou com gestos para comunicar-se com o outro. Critchley (1975) fala da linguagem de uma maneira clara: “linguagem é a expressão e a recepção de ideias e sentimentos”. Entende-se, portanto, que a linguagem é peculiar ao homem, pois só o homem consegue se comunicar através de símbolos gestuais, orais e escritos.

Ainda nos dias de hoje, há pais que se perguntam qual a melhor idade para iniciar a vida escolar de seus filhos. Há duas “correntes”: uma acredita que a criança deve ir o mais cedo possível e a outra que o melhor é esperar um pouco. Zorzi (1999) fala: “é comum observarmos crianças que chegam muito tímidas e inseguras á escola. Outras agressivas ou com outros problemas de relação e que passado um tempo de vivência escolar evoluem visivelmente”. Situação essa que pode ocorrer com crianças que apresentam problemas no desenvolvimento da linguagem. Há pais que relatam que seus filhos começaram a falar, ou passaram a falar melhor, depois de ingressarem na escola.

Os problemas da fala são caracterizados por qualquer alteração que impeça ou dificulte a produção de sons que formam as palavras, os chamados fonemas. As alterações mais simples da fala e mais frequentes estão relacionadas às trocas, omissões e distorções dos sons. Já as alterações mais graves estão relacionadas com atrasos no desenvolvimento, ou seja, crianças que começam a falar muito tarde. É esperado atualmente que a aprendizagem dos sons da língua se dê até os cinco anos de idade, uma vez que com seis anos de idade a criança ingressará no primeiro ano do ensino fundamental.

Deve-se ter muita atenção à audição das crianças que apresentam trocas na fala ou atraso da mesma, pois problemas de audição podem repercutir diretamente no aprendizado da fala e da linguagem. Se a audição, por algum motivo, estiver prejudicada, a criança não estará recebendo os sons das palavras adequadamente. Por isso, realizar uma avaliação audiológica é imprescindível nesses casos.

Cabe então ao fonoaudiólogo poder avaliar a criança e orientar a família da necessidade ou não de tratamento fonoaudiológico. Muitas vezes cabe ao profissional orientar aos pais quanto às atitudes que devem ser tomadas para facilitar a aprendizagem de seus filhos. A criança deve ser incentivada a falar e perceber que há uma expectativa saudável para que ela pronuncie adequadamente os sons das palavras. Não existe um tratamento ideal que possa ser generalizado para todas as crianças, existe sim um tratamento que busque compreender as dificuldades e necessidades de cada uma delas e que procure desenvolver habilidades de acordo com as suas necessidades e possibilidades.

Portanto, sendo a linguagem representada pela fala, pela mímica e pela escrita, quanto mais à criança adquire a capacidade de desenvolver-se pela fala, por gestos ou pela escrita mais ela organiza seus pensamentos. Por isso não devemos encarar a aprendizagem de leitura e escrita como um momento estanque na vida da criança e sim estarmos atentos ao seu desenvolvimento e o que é esperado para cada idade, pois muitas vezes a criança acaba produzindo na escrita às trocas que realiza na fala.

Há oito anos venho trabalhando em fonoaudiologia clinica e escolar de forma terapêutica e preventiva através de orientação à pais sobre às questões relacionadas a fala e aprendizagem das crianças e adolescentes. Atualmente a prevenção vem ganhando espaço em nossa cultura, o que possibilitará cada vez mais, o melhor desenvolvimento social, escolar e porque não integral do indivíduo.

Bibliografia

  1. Infantil, Rio de Janeiro, Revinter, 1999, 139 p.
  2. MOUSINHO, Renata et al. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso. Revista Psicopedagogia, São Paulo , v. 25, n. 78, 2008. Acesso em 28 out. 2013.
  3. ROTTA, N.T; OHLWEILER, L; RIESGO, R.S. Transtornos da aprendizagem – Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.
  4. SCHIRMER, C.R; FONTOURA, D.R; NUNES,M.L. Distúrbios da aquisição da linguagem e da aprendizagem. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2004. Acessos em 28 out. 2013.
  5. ZORZI J.L. A Intervenção Fonoaudiológica nas Alterações de Linguagem.