Notícias

O que você sabe sobre a gagueira?

Fga. Jacqueline Evaldt Constante – CRFª 7 8690
Fonoaudióloga amiga da gagueira certificada pela Oficina de Fluência®.
http://oficinadefluencia.com.br/

A gagueira é um distúrbio da fluência, e não faz parte do desenvolvimento da linguagem.
Durante o período de desenvolvimento e aquisição da linguagem, é comum acontecer momentos onde a fluência é variável. Essa variação é decorrente das incertezas linguísticas (morfo-sintático-semânticas) e do amadurecimento neuromotor para os atos da fala.
Cerca de 75% das crianças que apresentam disfluências, recuperam o padrão fluente, porém aquelas que não recuperam, a disfluência pode manter-se ou piorar.
Se seu filho está apresentando dificuldades para falar (interrupções, repetições, bloqueios de sons, sílabas ou palavras), procure uma fonoaudiólogo especialista para avaliação.

Não espere passar!
Gagueira não tem graça, tem tratamento.

Referencial Bibliográfico:
Manual para se conhecer a gagueira. Gagueira Infantil. Risco, diagnóstico e programas terapêuticos. Capítulo 11, editora Pró Fono, Barueri, São Paulo, 2013.

01/10 – Dia Nacional do Idoso e Dia Internacional da Terceira Idade

Nicole A Tartarelli – Psicóloga 07/29435

Idosos: qual o seu ritmo?

No dia 1 de outubro é comemorado o dia do idoso. Em 2003, neste mesmo dia, foi criado o Estatuto do Idoso, medida necessária para reconhecer os direitos e promover proteção aos idosos.

Neste dia também se comemora o dia da música. Podemos até pensar no idoso como uma música: com diferentes ritmos, expressões, comportamentos, melodias.

Alguns com a batida mais lenta, mais tímidos, outros mais agitada, outros com diferentes jeitos de falar e se colocar no mundo.

Assim como na música, infelizmente os idosos também podem ser desvalorizados, estigmatizados ou até mesmo jogados em um descarte, em uma invisibilidade. Invisível para quem? Para quem não quer ver o que está por vir? Para quem não quer ser tratado do jeito que as pessoas tratam os idosos? É a aparência que assusta? Ou até mesmo a troca de ritmo e de perspectivas?

Poderia ser mais fácil, assim como nas músicas, de quanto mais o tempo passa, mais clássico e mais valorizado se fica.

Para alguns o termo “melhor idade” significa essa valorização. Para outros já demonstra uma negação em novamente jogar o idoso para algo inalcançável, ou seja, que é melhor nem se ter por perto. Talvez eu prefira a palavra “envelhescentes”,  pessoas no qual tem que lidar com o inconsciente atemporal, com seus desejos e expectativas dentro de um corpo que mostra a marca da temporalidade. Marca na pele, na voz, nas escolhas. São aqueles que estão envelhecendo e se reconstruindo. Há mudanças de inúmeras formas, tanto boas como ruins. Mas quem seríamos nós sem as mudanças? Seríamos apenas um estilo musical? Um único jeito de pensar?

Esta pandemia está nos mostrando que nem só os idosos tem fim, que qualquer um de nós tem. Que sem aviso prévio, algo pode acontecer e nos mostrar que não temos o controle. E que talvez nunca o tivéssemos. Mas fingimos que temos.

E o que fazer quando este ritmo acaba? Quando a música, com histórias, vivências e maturidade se vai? Ficará na nossa memória, assim como na música, com sensações, histórias e lembranças.

Talvez Lenine ajude: “a vida é tão rara”. Ao invés de se preocupar com algo relacionado ao ter, não será melhor valorizar o ser, as pessoas, as suas histórias e marcas? O que podemos ensinar para as crianças que hoje são o futuro deste país?

26/09 – Dia Nacional do Surdo

Psicóloga Nathalia Vieira – CRP 07/33268

Oi, tudo bem?
.
Neste dia 26 de setembro é comemorado o Dia Nacional dos Surdos, por esta razão que setembro também é considerado o Setembro Surdo, ou mencionado por muitos ainda como o Setembro Azul.
.
A data foi oficializada em 29 de outubro de 2008, pelo decreto da lei n° 11.796.
.
Esta data foi escolhida por causa do dia 26 de setembro de 1857, data em que o educador francês Hernest Huet fundou o que hoje é chamado de Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES), considerado como o início da educação e história dos surdos no Brasil.
.
A cor azul é colocada neste mês por um momento que pode ser considerado triste para a Comunidade Surda, mas também é vista como a simbolização de resistência e orgulho pela identidade surda. Na Segunda Guerra Mundial, os nazistas, com a pretensão de excluir as pessoas “inferiores”, identificavam com uma fita azul no braço as pessoas com deficiência, obrigando as pessoas surdas a utilizarem também.
.
Mas, em 1999, a fita azul ganhou uma ressignificação com o Dr. Patty Ladd (surdo). Ele usou em seu braço a fita azul durante a Cerimônia da Fita Azul (Blue Ribbon Ceremony), foi a primeira vez que a fita foi usada como símbolo de orgulho por ser surdo, homenageando toda a luta frente a opressão e as barreiras que os surdos passaram ao longo de sua história.
.
A fita azul representa uma dentre tantas situações que os surdos passaram durante o enfrentamento das barreiras de identidade e comunicação.
.
Setembro é o período que ocorrem diversos eventos sobre a Comunidade Surda, como uma forma de conscientizar sobre a acessibilidade e comemorar todas as conquistas já obtidas durante os anos.
.
A Clínica Horizontes, pensando sobre os aspectos mencionados aqui, possui o tratamento pela Psicologia e Fonoaudiologia em Língua de Sinais, para que os Surdos possam ter o seu espaço de escuta e acolhimento.
.
Ficamos à disposição para conversar e dar mais informações sobre os atendimentos à Comunidade Surda.

#surdez #comunidadesurda #psicologia #fonoaudiologia #acessibilidade #linguadesinais

A avaliação em psicoterapia

Livro: “ Psicoterapia de Orientação Analítica – Cláudio Eizirik”
Avaliação – cáp 14
Carmem Keidann
Jussara Dal Zot

Produção por Gabriel Vanin, Juciane Feijó, Lucas Perusso, Renata Gonzalez, Renata Rehm

A avaliação de um paciente consiste em uma entrevista inicial, que pode levar mais de uma sessão, para entender o funcionamento de cada paciente e assim, poder indicar o tratamento que mais beneficiará o mesmo, seja psicoterapia de orientação analítica (POA) ou a análise propriamente dita. Esse momento inicial se diferencia do processo de psicoterapia, pois possui um formato próprio, sendo necessário a coleta de dados, e na maioria das vezes o psicoterapeuta está mais ativo para compreender e indicar um tratamento adequado. A grosso modo podemos diferenciar os dois processos através de alguns pontos: A POA consiste em questões mais focais e breves, não contando com aspectos infantis (regressivos) do paciente. A análise se faz de forma mais profunda e costumeiramente, mais prolongada, atrelando-se a questões regressas da vida do paciente. Outro ponto diferenciador é o uso do divã, onde no processo analítico é feito o uso deste e na POA, não.

Durante a avaliação, entender a motivação do paciente é um fator importante para a escolha do tratamento. Sabe-se que a motivação pode ser conceituada por, “conjunto de processos que dão ao comportamento uma identidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento próprias da atividade individual” (Houaiss, 2001). Saber o quão motivado e o porquê se dá essa motivação, auxilia ao terapeuta entender se de fato há possibilidades de ingresso deste paciente em psicoterapia. Quando falta motivação por parte do paciente, há grande possibilidade de abandono do processo terapêutico. Por esta possibilidade, é também, papel do terapeuta, não propor algo que não vá ser investido (psíquica e financeiramente) pelo paciente, fazendo que os dois percam tempo e dinheiro.

A aliança terapêutica é um conceito fundamental quando se estabelece um processo terapêutico. Ela ocorre após o estabelecimento do contrato com o paciente. No contrato, se esclarece as regras daquela relação, o horário e o espaço onde ocorrerão os encontros. O contrato tem sua importância ímpar pois estabelece limites e constrói o vínculo, construindo um setting seguro. A aliança terapêutica é um facilitador, reduz as defesas resistentes e coloca o analisando em trabalho com a seu psicoterapeuta. Através dessa relação que se constrói o tratamento que possibilita transformações.

O encontro analítico permite que haja uma inter-relação entre entrevistador e avaliado na qual essa relação é movida pela dinâmica da transferência e contratransferência, servindo como pilares para o processo clínico. Segundo Freud (1905) algumas das nossas ações e reações estão instruídas por experiências passadas a se repetirem no presente, tornando a percepção da realidade atual um composto de passado e presente, fazendo com que o avaliado de maneira inconscientemente representa no setting seus conflitos do passado.

Dito isso, essas transferências ocorrem anterior ao primeiro encontro, é vista já na própria marcação da primeira consulta, levando o entrevistador a adquirir informações que vão ser fundamentais para um entendimento amplo do funcionamento psíquico do avaliado. As condições que são relativas a figura do terapeuta, como a idade, sexo, aspecto físico, representação social, corresponde ao início da transferência. Sendo assim, torna-se relevante uma escuta atenta ao avaliado, pois o mesmo pode apresentar dificuldades em se comunicar espontaneamente, dificultando a obtenção de elementos essenciais na história, o que nos indica um sinal de resistência atrelado a essa transferência.

O entrevistador, muitas vezes, reage de maneira inconsciente a esses fenômenos, e é a partir dessa reação que se constitui a contratransferência. Trata-se do mesmo tentar identificar o que é do entrevistador e o que é do avaliado. Portanto, a situação analítica deve ser administrada para que o processo não fracasse.

Para Heimann (1950/1995) a natureza relacional da sessão analítica implica o aparecimento de sentimentos nas duas pessoas que compõem a sessão, e não há nada que o analista possa fazer para evitar que lhe surjam esses sentimentos, visto que o terapeuta também faz parte do processo analítico. Contudo, caberá ao analista reconhecer seus sentimentos contratransferenciais que serão evocados em qualquer estágio de um tratamento analítico.

A avaliação é parte essencial do processo terapêutico, sendo esse contato um momento onde as primeiras impressões são geradas tanto no paciente quanto no terapeuta. Este momento inicial é importante para que se torne possível a construção do vínculo que permitirá dar seguimento a psicoterapia. Por vezes, será necessário trabalhar alguns aspectos para que a psicoterapia realmente se estabeleça, como a motivação do paciente ou outros aspectos específicos de cada caso, colocando em papel central a relação entre paciente e terapeuta e os fenômenos transferência e contratransferência. Sendo assim, é preciso reconhecer a importância de estudos direcionamos para este tema e a responsabilidade ética de realizar avaliações e indicações precisas.

Referências: TIMO, Alberto L Rodrigues; RIBEIRO, Paulo de Carvalho. Contratransferencia: surgimento e evolução do conceito em tearicos das relaçoes objetais. Gerais, Rev. Interinst. Psicol., Belo Horizonte , v. 10, n. 2, p. 275-293, dez. 2017 . Disponível em . acessos em 24 ago. 2020.

23.09 Dia Mundial de Combate ao Estresse

Renata Rehm, Juciane Feijó, Gabriel Vanin, Karin Richter, Nicole Mamede e
Cássio Nonnemacher

Estresse, Burnout e Pandemia: implicações e comprometimentos resultantes Hoje, dia mundial de combate ao estresse, é necessário tratar sobre como este, que encontra-se presente cotidianamente na vida do sujeito da atualidade, em situações típicas ou atípicas, vem afetando tais vidas no confrontamento com uma pandemia mundial.

O estresse não patológico funciona como uma resposta involuntária do corpo à situações externas que exigem uma postura de luta ou fuga. É um mecanismo de sobrevivência, de defesa natural no funcionamento orgânico humano. Entretanto, se o indivíduo percebe-se constantemente em situações que o ameaçam, que exijam-no tal resposta, ele acaba por ter uma ativação constante de áreas cerebrais responsáveis por responderem a tais estímulos de forma corporal, e passa a perceber qualquer outra situação similar como ameaçadora, tornando a regulação corporal perante o estresse disfuncional.

O mundo contemporâneo tem exigido cada vez mais dos indivíduos que se adaptem, quase que instantaneamente, à mudanças e formas de produção, e consumo decorrente desta, que ocorrem em um ritmo um tanto acelerado. Tais exigências têm se desdobrado em um estresse físico e psíquico contínuo sobre os desempenhos dos sujeitos, levando-os a sufocar-se por sentimentos como desesperança, solidão, depressão, raiva, impaciência, diminuição de empatia, e desenvolver sensações corporais como fraqueza, inquietação excessiva, dores de cabeça, tensão muscular e distúrbios no sono, desencadeando um processo de esgotamento e inoperatividade, conhecido na esfera laboral como Burnout.

O momento de quarentena pede um desaceleramento quanto às exigências de desempenho na tentativa de reduzir os processos ansiogênicos e depressivos associados à estas, bem como o número crescente de indivíduos estressados e paralisados, já que tais condições mexem diretamente com as respostas do sistema imunológico, também requerido em bom funcionamento para manter os indivíduos longe de contrair a COVID-19. Ainda sim, não apenas a boa imunidade é alvo de exigência quanto ao seu desempenho orgânico, como muitos indivíduos têm se sentido ainda mais pressionados a produzir em ambientes home-office, e também fora destes, sem demarcação de turno para trabalhar, estudar, lidar com tarefas domésticas ou do cuidado com a família. Além do isolamento e falta de contato físico com entes queridos, há o medo de ficar doente, morrer ou perder tais entes, o que aumenta ainda mais os sentimentos e sensações citadas e acarretam um maior comprometimento da saúde física e psíquica. Paradoxal é pedir calma e cuidado para uma sociedade que internalizou um dever em seguir produzindo e funcionando freneticamente, e ainda sim, manter tais exigências reais em um ritmo tão veloz quanto o da prévia crise sanitária.

É tempo de investir-se no autocuidado, na busca por ferramentas para lidar com o excesso de demandas e de, principalmente, autorizar-se a fazer uma pausa, dentro da possibilidade que cada um possui, para então reverter uma lógica, um funcionamento que retira de si a capacidade de viver e gozar de saúde para essa vivência. É tempo de buscar ajuda, de profissionais que possam proporcionar auxílio no alívio do sofrimento gerado por essa condição de “super-herói que tudo dá conta” da atualidade, principalmente em tempos de isolamento físico e do sentir-se só.

Referências: CREPALDI, Erica Taciana dos Santos; CORREIA-ZANINI, Marta Regina Gonçalves; MARTURANO, Edna Maria. No limiar do ensino fundamental: estresse, competência e ajustamento em alunos do 1º ano. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 25, n. 2, p. 503-515, jun. 2017 . Disponível em . acessos em 20 set. 2020. http://dx.doi.org/10.9788/TP2017.2-06Pt. SADIR, Maria Angélica; BIGNOTTO, Márcia Maria; LIPP, Marilda Emmanuel Novaes. Stress e qualidade de vida: influência de algumas variáveis pessoais. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 20, n. 45, p. 73-81, Apr. 2010 . Available from . access on 19 Sept. 2020. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2010000100010. PADOVANI, Ricardo da Costa et al . Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 10, n. 1, p. 02-10, jun. 2014 . Disponível em . acessos em 20 set. 2020. http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20140002

Conversando sobre infertilidade

Renata Viola Vives  Psicanalista CRP 07/7619

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casais que não usam métodos contraceptivos durante doze meses e não conseguem engravidar podem ser considerados inférteis. Para mulheres acima de 35 anos, o recomendado é avaliação com seis meses de tentativas infrutíferas. Contudo, isso não nos fala do sofrimento dos indivíduos frente à impossibilidade de ter um filho.

Para muitos sujeitos a infertilidade vai surgir como uma ferida, que pode ou não ser metabolizada pelo ego, permanente e gritante. “Como não consigo engravidar, se consigo tudo o que quero? ”Terei que aceitar minhas limitações? Ou existem opções para mim?

A fecundação, como pré-requisito para a gravidez, é uma questão bastante complexa, tanto em termos físicos quanto psíquicos. Fecundação pressupõe fertilidade e esta ocorre em um período definido na vida de uma mulher, associando-se a processos somáticos que estão determinados fisiológica e anatomicamente. Estes processos somáticos são constantemente influenciados pelas vidas psíquica e orgânica.

Deutsch (1960), psicanalista que se dedicou a estudar as mulheres, afirmava que a infertilidade  psicogênica pode ser algo complicado, pois sua causa inicial pode ser difícil de ser descoberta, uma vez que está sustentada por energias psíquicas. Porém, investigar os fatores orgânicos se torna necessário, uma vez que as dificuldades emocionais, para serem tratadas, não terão resultado satisfatório se o orgânico estiver comprometido.

Em alguns casos psicologicamente menos complicados, os sentimentos de culpa inconsciente são também causas para a esterilidade psicogênica: temos os medos em relação à morte no parto ou em relação à perda do filho, por exemplo.

Outro aspecto importante é que na tentativa de engravidar os casais podem ficar obrigados a monitorar o período fértil e isso pode levar o casal a deserotizar o ato amoroso, ato fecundo de encontro dos desejos, tornando esse encontro uma obrigação; podemos estar no campo da perda da erogenidade; faz-se necessária a retomada do desejo e do vínculo, mesmo que a concepção ocorra fora do corpo, por exemplo.

Por fim, precisamos pensar que a infertilidade requer uma atenção não só da equipe médica, mas dos profissionais da saúde mental, para ajudar indivíduos ou casais a refletirem sobre seus momentos próprios de vida e para conseguirem passar melhor por isso.

Dia 10 de setembro, dia mundial de prevenção ao suicídio.

Lizana Dallazen.
Doutora em Psicologia Clínica, pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Universidade de São Paulo (USP, 2017). Mestre em Ciências, pelo Programa de Pós graduação em Psicologia clínica da Universidade de São Paulo (USP, 2010). Graduada em Psicologia, pela Universidade de Passo Fundo (UPF, 1997). Psicanalista com formação pela Sigmund Freud Associação Psicanalítica de Porto Alegre (2001). Autora de capítulos de livros sobre o tema da metapsicologia e da técnica psicanalítica. Experiência na área de Psicologia Clínica, com ênfase em Psicanálise.

A gravidade do adoecimento psíquico em pessoas que tentam ou cometem o suicídio, nos exige a responsabilidade de termos o dia de hoje como assinalamento do problema. Conversar e refletir sobre o suicídio é uma forma de desmistificar certos preconceitos e entendimentos equivocados a respeito do tema. Dificuldade de constituir uma autonomia egóica, identificações narcísicas poderosas, hostilidade voltada contra o próprio sujeito, são alguns dos fatores que levam um sujeito a este caminho. Não é frescura, não falta de ocupação, é um desequilíbrio profundo na economia dos afetos e na constituição do sujeito. Que possamos todos ficar atentos aos sinais, muitas vezes silenciosos, que nossos entes queridos, amigos, colegas emitem. Certamente a ajuda de um profissional  da psicanálise, e as vezes também de um psiquiatra, se faz extremamente necessário para retirar o sujeito desta crise aguda e tentar recuperar com este sujeito as condições de bem viver.

ECOS DA JORNADA

A Jornada Cenários Femininos e Masculinos, que aconteceu nos últimos dias 04 e 05 de setembro, uma parceria da Clínica e Instituto Horizontes com o Espaço Criar, contou com o apoio de importantes instituições, Cowap (Comitê de Mulheres e Psicanálise da América Latina, IARGS e IMED. Em 2019, quando este evento começou a ser pensado, ainda não imaginávamos que em março seríamos obrigados a parar e nos distanciar socialmente. Mesmo assim, não nos acomodamos e juntos, seguimos pensando e nos adaptando a nova realidade que se apresentava. Charles Darvin já dizia: “Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim o que melhor se adapta à mudança”. Unindo este pensamento e o trabalho de muitas pessoas, colocamos no ar, na nuvem, no virtual, mais uma jornada. E o resultado não poderia ter sido melhor. Psicanalistas como Leticia Glocer Fiorini, Patricia Alkolombre, Sérgio Lewcowicz, Renata Vives, Gley Costa, Christiane Paixão, Hemerson Ari Mendes, Elaine Nogueira e Ana Paula Terra Machado, abrilhantaram o evento, nos fazendo pensar, desacomodar e acima de tudo nos emocionar com suas contribuições psicanalíticas. Diante de tantas incertezas e novos cenários que o mundo nos apresenta atualmente, diante do não saber, fomos acalentados com reflexões que nos falam de uma possibilidade de um novo mundo possível e isso nos encheu de alegria e realização.

SARA FAGUNDES
Psicóloga

A jornada de cenários femininos e masculinos nos possibilitou um espaço para pensar. Pensar em questões que assolam a sexualidade e que de forma inerente caminha lado a lado do nosso desenvolvimento como seres pensantes. A jornada deu voz a uma diversidade, de pessoas e de muitos saberes que se interligam, se complementam de forma única e especial, nos levando a perceber que estamos sempre em constante pensar, no aqui, no agora e no depois.

JUCIANE FEIJÓ
Estudante de Psicologia em UniRitter, estagiária na Clínica Horizontes.

A jornada Cenários femininos e masculinos foi um espaço onde me despertou diversos sentimentos e curiosidades ainda mais sobre os assuntos falados durante os dois dias de aprendizado. Me questionar ainda mais sobre o que é ser feminino e o que isso quer dizer nos dias atuais e também entender as demais dinâmicas de todo esse conhecimento. Ouvir todos os profissionais foi gratificante tanto pessoalmente, quanto profissionalmente. Só tenho a agradecer por essa oportunidade.

RENATA REHM
Estudante de Psicologia em UniRitter, estagiária na Clínica Horizontes.

Foi de fato uma jornada, das primitivas pinturas rupestres até a contemporânea exposição midiática, vislumbramos os enlaces entre gênero e sexualidade, fantasia e corpo, identidade e desejo. Sempre com a devida referência aos contextos culturais, conversamos sobre o processo de tornar si e reconhecer o outro. Abordamos essa violência histórica e estrutural, questionando intensamente o delírio patriarcal de que homens não choram e mulheres não gozam, objetivando trazer para cena o que por muito tempo estava silenciado por trás das cortinas, ou dentro do armário. Falamos sobre alteridades e pluralidades, tocando o transcender a lógica binária. Refletimos o devir das pulsões parciais, esse vir a ser no encontro com o outro e consigo, em que o interdito organiza, jamais cala.

CÁSSIO NONNEMACHER
Estudante em Psicologia em PUC-RS, estagiário na Clínica Horizontes

CENÁRIOS EM 2020
Sexta e sábado. Inicio de setembro, feriadão à frente, Jornada: Cenários Femininos e Masculinos. Seria em maio, seria presencial. Foi toda on line, pela plataforma Zoom. Como mais um dos tantos acontecimentos desde 2020, seria de uma maneira e foi de outra. A vida, de fato, é mesmo imprevisível. E neste cenário de tantas surpresas e modificações, falamos, proximamente, ainda que pelas câmeras de nossos dispositivos eletrônicos, de mudanças. Parafraseando o poeta Cazuza: “ Vivemos um museu de grandes novidades”. E assim, nesta jornada, vimos a Psicanálise viva e em plena de capacidade de transformações e adaptações. Conceitos como complexo de Édipo, Castração, caminho das pulsões, entre tantos, foram ali colocados, com respeito e cuidado navegando por mares de águas densas, profundas e por vezes desconhecidas. Nosso cenário não é mais o mesmo. O mundo conhecido até então, tem assumido outras formas. O palco da vida nos convida a repensarmos o nosso lugar, na platéia e na cena. Em um momento que requer tanto a nossa capacidade de adaptação e de mudança, todos saímos de alguma maneira transformados em nossos questionamentos e amplitudes de compreensão. Repensar o nosso lugar no mundo e ressignificar o que vivemos tem sido necessário para nossa sobrevivência psíquica.

MÁRCIA MUNHOZ
Psicóloga

Jornada
A Jornada Cenários Femininos e Masculinos foi agregadora em diversos conceitos, sentidos. Umas das colocações que me foi muito relevante foi a ampliação do que conhecemos como “o pai”, ou mesmo a função paterna, a qual foi enfatizado o seu descolamento do órgão sexual (pênis) ou do gênero masculino, não ao considerar tais elementos em sua literalidade, mas sobre a necessidade, ou mesmo hábito, de associá-los, em pleno século XXI, à imagem do homem como portador da mensagem de corte, como mensageiro produtor da alteridade, mesmo que em um resquício transmitido por via do discurso psicanalítico, que bem se sabe, transpassa, permeia a cultura. Atentaram-nos as discussões sobre o dever psicanalítico acerca desse possível desprendimento imagético que propõe romper gradualmente com a conivência na perpetuação dos papéis de gênero na estrutura patriarcal que não mais faz sentido ao que diz respeito às novas configurações relacionais e assujeitadoras, bem como a tão defendida liberdade do sujeito em descobrir-se qual tal o é e se constrói e ao seu desejo e modo de operar-se. O conceito de função terceira ou assujeitadora como responsável pela introdução do ser humano na cultura, ao meu ver, deve ser amplamente explorada na oralidade e na escrita como forma de romper gradativamente as associações feitas dentro de um binarismo que aprisiona homens e mulheres em uma atuação e sofrimento psíquico cotidianos que não mais dão, ouso questionar se em algum momento deram, conta da complexidade humana de colocar-se como ser vivo no mundo pré ou pós-contemporâneo.

NICOLE MAMEDE
Estudante em Psicologia em Faculdade São Francisco de Assis, estagiária na Clínica Horizontes

CONVITE A JORNADA

Cenários Femininos / Cenários masculinos

      Por muito tempo a sexualidade não binária, ou seja, o que não se define no masculino e no feminino,  foi considerado à margem e inclusive, considerado psicopatológico.

       Vivemos uma sociedade violenta  e preconceituosa, que resiste ás manifestações das diversidades de gênero e de orientação sexual e que também anda sempre esperando da mulher e do homem que cumpram papeis pré-estabelecidos: à  mulher ainda cabe a maternidade, por exemplo, e torna-se uma heresia ouvir mulheres que não desejam ser mães. Aos homens, por exemplo, cabe ainda o poder e a potência, que podem confundir-se com o violento, lembrando que em meio à pandemia tivemos o aumento considerável de casos de violência doméstica.

       Em nossa jornada ainda que o título remeta a um binarismo, pretendemos abordar as diversas faces que compõem o campo da sexualidade humana, já que masculino e feminino não são categorias fechadas mas podem e devem ser ampliadas no olhar psicanalítico. Vamos discutir os cenários do feminino, da maternidade, das reproduções assistidas, da violência, das transexualidades, entre outros aspectos.  Nos vemos dia 04 e 05 de setembro.

27 de Agosto – Dia do psicólogo! Comemorativo as 58 anos da Psicologia no Brasil

27 de Agosto, dia do psicólogo.
Pela Lei 4.119 de 1962 regulamenta a profissão e pelos PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS do Código de Ética comemoramos hoje o dia do psicólogo. Somos 378.473 psicólogos* (número CFP 24/08/2020) percebendo e analisando o cenário, apoiado na potência do trabalho centrado no sujeito com suas singularidades, ampliaremos nossos Horizontes iluminando os 58 caminhos que nos trouxeram até aqui e o que ainda iremos trilhar. Vivemos tempos onde cada vez mais é necessária a confirmação de direitos e reforço no cuidado em saúde mental, além da capacitação dos profissionais em lidar com as demandas diárias da população que necessita da escuta qualificada as suas problemáticas sociais. O social, a comunidade que neste ano se encontrou sendo obrigado a ficar distante uns dos outros, também encontrou potencial na união virtual enquanto perdas importantes ocorrem. Promover a saúde em meio a pandemia se tornou um desafio que profissionais da saúde como um todo se reinventam a cada amanhecer, mas de que de modo nenhum isto se torna motivo de orgulho. A responsabilidade é social, a crítica é política, a Psicologia é ciência a clínica é viva. Já não estamos mais presos no grande campo da Filosofia, e nem da Medicina, simpatizamos com a Pedagogia, embora muito agradecidos pelas grandes áreas mães, crescemos a passos curtos em direção ao seu objetivo tornando esse grande campo de clínica, escola, empresa, hospital, esporte, trânsito, jurídica, social. Para o vestibulando, o estudante da graduação, o estagiário, o profissional, e todos aqueles que percebem a profissão no seu detalhe e consideram as ancoragens necessárias para estarmos aqui: um feliz dia 27. Deixo aqui sete artigos para que o pensamento siga vivo.

Texto: Psicóloga Kimberly M. Fernandes (CRP 07/32774)

Referências:
Código de Ética: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf
A Psicologia no Brasil, Antonio Rodrigues Soares e Conselheiro Federal: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000500002&lng=en&nrm=iso