Notícias

24 AGOSTO – Dia da Infância

Produção Jaqueline Batista, estagiária em psicologia.

Neste dia 24 de Agosto, é comemorado o dia da infância, data criada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, com o propósito de propor uma reflexão sobre as condições de vida das crianças pelo mundo, a fim de superar quaisquer dificuldades e injustiças que venham acontecer.

O sentimento pela infância nem sempre esteve presente, a mortalidade infantil era vista como algo natural, não havia preocupação com estudos ou diversão. Segundo Ariés (1978) não havia lugar para a criança, pois nem nas artes eram retratadas, não era percebido suas necessidades, não sendo vistas como seres dependentes com premências peculiares.

Nesta época eram diferenciadas dos adultos, apenas por seu tamanho, sendo considerado um mini adulto e assim que já tinham certa estatura, eram inseridos na lida, no trabalho para ajudar no sustento da família.

A história brasileira da trajetória da criança é marcada por privações e dificuldades, abusos, maus tratos, abandonos múltiplos, sendo desde de cedo escravizadas de um sistema capitalista. Situação  esta,  marcada por negligências do Estado, família  e da Sociedade em geral.

No Brasil,em tempos atuais, a criança tem seus direitos protegidos por Leis na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente, respectivamente:

  • Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, 
  • Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.(ECA)
  • Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Feitas estas constatações e  diante dos acontecimentos mais recentes com respeito às nossas crianças, somos invadidos por mais de  uma notícia sobre um crime, e trouxemos  aqui apenas para reflexão: 

  • O aborto realizado legalmente em uma criança de 10 anos que foi estuprada no Espírito Santo virou campo de batalha no Brasil”

Segundo BBC News, a menina afirmou sofrer abusos sexuais do tio desde  os 6 anos e ameaçada pelo abusador, se calava. Paulo Sampaio, colunista do UOL, a criança é filha de mãe andarilha, já falecida; o pai está preso e era criada pelos avós. O estuprador, marido da tia da menina, aproveitava os momentos em que ficava sozinho com ela para cometer o crime. (UOL, 2020)

Diante do que sabemos, do que foi nos invadido, sem juízos de valor e apoiado pelo que foi trazido à cima, sobre o sentimento histórico pela infância e olhar para nossas crianças, o que lhes faz pensar?

  • Onde esta o olhar sobre a criança? Quantas negligências foram cometidas?
  • Onde estava o Estado, a família e a comunidade?
  • Quantos traumas foram e continuarão a ser cometidos?

Winnicott, autor psicanalítico, dedicado a estudar a infância,nos trouxe que o trauma era causado em uma criança, quando algo lhe fosse exposto e estivesse além de sua compreensão psíquica, entendamos… Uma criança de 6 anos exposta a uma relação sexual esta sendo agredida, violentada e traumatizada. 

No Brasil, segundo Ministério da Saúde a cada hora, 4 meninas com menos de 13 anos são estupradas, e como média 6 abortos por dia em meninas de 10 a 14 anos.

Referências:

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaksman. 2ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981

FEDERAL, Governo. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei federal, v. 8, 1990.

MAGENTA , Matheus; ALLEGRETTI, Laís. Brasil registra 6 abortos por dia em meninas entre 10 e 14 anos estupradas. BBC News – Brasil, Londres, 18 ago. 2020. DOI https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53807076. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53807076. Acesso em: 20 ago. 2020.

PINHEIRO, Roberta de Fatima Alves. A prioridade absoluta na Constituição Federal de 1988: cognição do art. 227 como princípio-garantia dos direitos fundamentais da criança e do adolescente. 2006. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

SAMPAIO, Paulo. A exposição da menina abusada foi um ‘estupro coletivo‘, diz ginecologista: COLUNA PAULO SAMPAIO. UOL, 19 ago. 2020. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/colunas/paulo-sampaio/2020/08/19/a-Exposição-da-menina-abusada-foi-um-estupro-coletivo-diz-ginecologista.htm. Acesso em: 20 ago. 2020.

WINNICOTT, Donald Woods. A capacidade para estar só. O ambiente e os processos de maturação, 1983.

O conceito de sintoma na psicanálise – uma revisão*

Falar em sintoma, para a maioria das pessoas, pode ser o mesmo que falar em doença. Podemos pensar, então, que, se resolvemos o sintoma, curamos a doença? A resposta para esta questão é muito mais complexa do que podemos pensar, mas vamos lá, afinal, quem de nós não tem seu sintoma de estimação?
Na prática da psicoterapia psicanalítica, os sintomas podem ser entendidos como atos, muitas vezes indesejados, que causam desprazer e sofrimento, gerando todo um dispêndio de energia e alguma (ou muita) paralisação do indivíduo na sua vida em geral.
Freud, ao longo de sua obra, nos mostra que os sintomas são resultado de um conflito psíquico, ou seja, há uma busca de satisfação de libido. Ele nos mostra que duas forças entraram em luta e que o sintoma seria uma forma delas se reconciliarem através de um acordo.
A psicanálise ensina que não podemos tomar um sintoma ao pé da letra, pois trata-se sempre de uma outra coisa. Se fizermos isso, corremos o risco de perder de vista o discurso do indivíduo, que vai mostrar, este sim, quais as desordens que existem na sua vida. Sintomas são, então, como sonhos: enigmas que precisam ser decifrados. Todo sintoma tem valor de linguagem e aparece para exprimir o que o indivíduo ainda não pode dizer em palavras.
Antes de 1900, o conceito surge para Freud através das pacientes histéricas que convertem no corpo suas dores psíquicas que não vinham à consciência, mas que traziam fatos de suas histórias de sexualidade infantil. Entre 1900 e 1920, Freud fala do sintoma como um conflito, uma angústia, uma expressão de algo que existia internamente, mas que não estava sendo administrado por mecanismos de defesa. Assim como nos sonhos, o sintoma funciona como uma opção para a realização de desejos, e aparece como alternativa de acesso ao inconsciente.
Após 1920, o sintoma se apresenta de duas formas: pode demonstrar incômodo e sofrimento visível, ou aparecer no sujeito de forma funcional (fazendo parte do funcionamento da personalidade e sendo assim muito difícil para este indivíduo abrir mão dele).
Depois de Freud, diversos autores contribuem para o entendimento do sintoma, como veremos alguns a seguir.
1 – Melanie Klein: importantes aspectos dessa teoria, como a fantasia inconsciente, a relação entre objetos, a ansiedade/angústia e as suas defesas, são base para a formação do sintoma. A teoria enfatiza a relação do mundo interno do indivíduo com os objetos internos (da fantasia), o mundo externo e as experiências de gratificação e frustração na formação da vida psíquica. Tais relações originam-se ao nascimento do bebê e permanecem ao longo da vida do indivíduo.
A ansiedade é entendida como resposta psíquica ao conflito entre pulsões de vida e morte. Conforme o desenvolvimento psíquico e neurocognitivo do indivíduo, há mudanças na qualidade das relações de objeto, assim como modificações do tipo de ansiedade. Inicialmente, a ansiedade é de aniquilação, inata e representa o temor de ter o ego desintegrado por um objeto situado dentro do ego. Na defesa contra a ansiedade oriunda da pulsão de morte, o indivíduo pode deslocá-la, na forma de agressividade para o objeto externo e passa a temer a retaliação por parte deste (e ser aniquilado).
Com a melhor percepção do objeto externo (que possui ambivalências, que pode ser bom e mau como uma pessoa inteira), a ansiedade passa a ser por medo de perda do objeto por ataques feitos pelo indivíduo em fantasia. A ansiedade e a agressividade nas relações de objeto, simbolizadas pelo sintoma, podem ser compreendidas e interpretadas no tratamento por meio da transferência e do brinquedo.

2 – Winnicott: ele defende que o desenvolvimento saudável do indivíduo depende de um ambiente suficientemente bom no início da vida, que propicie o amadurecimento do bebê respeitando o seu ritmo. Tais cuidados são oferecidos por uma mãe ou cuidador suficientemente bom, aquela que sabe dosar a medida de acolhimento e de frustração necessárias para o bebê ter um desenvolvimento saudável.
No início, o bebê depende totalmente dos cuidados desta mãe e, aos poucos, caminha rumo à independência. Para isto, o ambiente necessita adaptar-se totalmente às necessidades do recém-nascido. O oposto disso será um ambiente ruim, aquele que não respeita o ritmo do bebê, transformando-se em uma invasão contra a qual o bebê terá de reagir. São estas falhas no desenvolvimento emocional primitivo que darão lugar ao sintoma na teoria de Winnicott.
3 – Lacan: Para Lacan, o sintoma pode ser compreendido de três formas:

  1. Como mensagem endereçada ao outro (mensagem-metáfora): é através da palavra que se desvela o sentido que a mensagem-sintoma escancara e esconde; o sintoma só tem sentido através de sua relação com outro significante. Portanto, o sintoma é uma linguagem, cuja fala precisa ser libertada. E é somente no contato com o outro que isso pode acontecer.
  2. Como modo de gozo: mesmo depois de ter seu sintoma decodificado pela interpretação, o sujeito pode não querer renunciar a ele. É a esse resto do desvendamento significante que Lacan dá o nome de gozo, confirmando Freud que já havia demonstrado que o neurótico, ainda que demande a cura, não só não a quer como se agarra ao gozo do seu sintoma.
  3. Como produção e invenção do sujeito: um sintoma é um saber de si inconsciente e o papel da psicanálise não se limita a desvelar o sentido disso, mas deve trabalhar para neutralizar a cadeia significante que alimenta a produção do sintoma.
    Assim, se pudermos olhar para o indivíduo além de seus sintomas e comportamentos, e nos interessarmos por quem ele realmente é e o que ele nos conta, tentando descobrir juntos do que ele realmente está falando, ajudaremos demais nesta jornada de autoconhecimento.

*Texto elaborado pela equipe de estágio em psicologia clínica da Clínica Horizontes (coord. Edda Petersen, Renata Rehm, Renata Gonzalez, Karin Richter, Amanda Klimick, Gabriela Disegna, Taina Barbosa, Lucas Perusso, Marilei Zanini), e com contribuição das professoras de fundamentos psicanalíticos de Winnicott e Melanie Klein Ana Cláudia Menini e Richelle Albrecht do curso de formação em psicoterapia de orientação analítica de crianças, adolescentes e adultos do Instituto Horizontes.
Bibliografia utilizada pelos estagiários: “O Conceito de Sintoma na Psicanálise: uma introdução” – BORBA MAIA, A.; PEREIRA DE MEDEIROS, C.; FONTES, F. Revista estilos da clínica, 2012

O TRABALHO DOS VÍNCULOS FAMILIARES NA CLÍNICA PSICANALÍTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Rita de Cássia Benjamin Sulzbach

Introdução

O vincular se refere à produção de subjetividade, sendo que esta se faz com outros, entre outros. O vincular cria e marca um território, uma borda entre os sujeitos que os une e também os separa. É uma fronteira onde cada um dos territórios subjetivos se separa e se une, situando-se o alheio (BERENSTEIN, 2007).

A intersubjetividade abrange o campo do entre dois, onde o sujeito, sem deixar de sê-lo, produz e se produz como outro, por ação da relação com o outro. Assim, o entre é uma produção constante do entramado das subjetividades. Na contemporaneidade, trabalha-se com o conceito de bidirecionalidade do vínculo e de interfluência, em que cada um promove ou paralisa o crescimento do outro, o que permite uma produção recíproca de subjetividade (SEVERO, 2014).

Nessa perspectiva, a teoria das configurações vinculares se fundamenta na teoria da complexidade, passando de uma causalidade linear para uma causalidade ampliada. Além do conhecimento do funcionamento do inconsciente, acrescenta-se o conhecimento das redes para entender o que se passa no vínculo. Acredita-se que numa rede cada componente participa na produção e transformação dos outros componentes desta (CAPRA, 1996).

Assim, a subjetividade vincular reconhece que um sujeito vem a ser outro através desse vínculo com o outro, sendo que nenhum deles é o centro de si mesmo nem da relação. Ambos se produzem a partir de relações de poder que ocorrem no vínculo (SEVERO, 2014).

Uma relação amorosa se configura em um contexto compartilhado, existindo uma situação recíproca de ego desejante e objeto desejante, suscetível de ajudar na realização do desejo do outro. O enamoramento reedita a necessidade de um contexto único, no qual não existem diferenças. Posteriormente, as novas demandas geradas pela cotidianidade, pela presença dos filhos e outros acontecimentos rompem essa ilusão (BERENSTEIN, PUGET, 1994).

Nesse contexto, uma relação deve ser uma relação real entre dois termos. Se esses termos são realmente diferentes, a relação deve conter essa diferença. Se suprimirmos a diferença, a relação já não é uma relação real. Desse modo, uma relação entre homem e mulher indica uma diferença não simétrica (BADIOU, 2000).

Desse modo, o trabalho da clínica psicanalítica, através de um olhar vincular permite uma revisão dos estereótipos e normas oriundas das famílias de origem ou do social, com o efeito de ressignificação e novas inscrições. Assim, pretende proporcionar aos sujeitos uma abertura a recíprocas curiosidades, conhecimento e respeito pela singularidade e os efeitos do entre dois (SEVERO, 2014).

A Relação Conjugal

A família é um conjunto de pessoas ligadas por determinados laços de parentesco por alguma relação consanguínea, ou atribuída. Alguns dos motivos de discussões e brigas entre casais são oriundas de seus modelos familiares, por não conseguirem se desprender desses modelos, para então, criarem o seu próprio. Quando o casal não se desvincula das famílias de origem, não consegue formar a sua própria família, o que gera uma sensação de frustração entre o casal, havendo dificuldade de escutarem um ao outro, pois isso envolveria reconhecer a diferença ou autonomia do outro (PONSI, SEVERO, NIEDERSBERG, TUBINO, 2015).

No casal aparece uma confusão entre figuras parentais próprias de cada um e o que é do outro e do casal como alteridade. Eles trazem de suas famílias significados que interferem no vínculo de casal, e esse lugar não está preparado ou não é adequado para receber esses significados de origem, que insistem em alojar-se. Isto resulta em um mal-estar ou mal-entendido, pois o outro não cumpre com as expectativas, sendo culpabilizado. O que ocorre nesses casais é que ambos estão muito ligados às suas famílias de origem, permanecendo emocionalmente infantis, produzindo um relacionamento narcisista que dificulta a criação de uma nova maneira de consolidar o vínculo conjugal (PONSI, SEVERO, NIEDERSBERG, TUBINO, 2015).

No tocante à comunicação entre o casal, entende-se que quando se fala, se fala para alguém, um outro diferente de mim. O casal que deu certo fala sem dar ordens, sua fala não é uma luta de poder. Já o casal que não está bem descuida da comunicação ou não sabe se comunicar. Nesses casos, a palavra deixa de ser veículo de comunicação e se torna um instrumento a serviço de projeções agressivas, sendo que em vários momentos inexiste a troca, prerrogativa do diálogo, onde devem existir duas liberdades: a de quem fala e a de quem ouve (PONSI, SEVERO, NIEDERSBERG, TUBINO, 2015).

Assim, considera-se a comunicação entre duas ou mais pessoas algo complexo, sendo fundamental trabalhar a comunicação no tratamento de questões conjugais. Nessa perspectiva, faz-se importante as seguinte reflexões: como efetivamente o sujeito escutou o que veio do outro, e de que outro está falando? Da pessoal real que se apresenta ou de uma projeção de algo interno ou do imaginário? Como interpretamos cada mensagem verbal ou não verbal que vem do outro? (PONSI, SEVERO, NIEDERSBERG, TUBINO, 2015).

Quando a comunicação entre o casal é falha, em muitos momentos o dizer é forçado, difícil, girando em torno dos pensamentos e os escondem. Oscilam entre o esforço de comunicar e o de esconder o que pensam, lançando pensamentos de forma fragmentária, em sentenças curtas, ambíguas e paradoxais, que parecem significar muito mais do que dizem, havendo um jogo de linguagem para culpabilizar o outro pelo ocorrido. Casais que não possuem sintonia, comunicam-se através de frases truncadas, pois querem a linearidade, escutando apenas pedaços de frases do outro. Assim, observa-se uma ondulação afetiva que muda de forma inesperada, gerando reviravoltas nos discursos (PONSI, SEVERO, NIEDERSBERG, TUBINO, 2015).

Desse modo ato comunicativo no casal é entendido como uma incógnita, pois o outro tem que descobrir o que vem do outro para depois devolver uma expressão contendo uma nova incógnita, acrescida de sentido próprio. Assim, a concordância nunca será completa, exigindo ajustes através de um trabalho permanente. Para os autores, a disfunção do processo de comunicação está apoiada na ilusão de entendimento, onde ocorre uma divergência de interpretação entre o casal que compartilha, ou acredita compartilhar, significados e sentidos (BERENSTEIN E PUGET, 1994).

Nesse sentido, casais com maior diferenciação conseguem se comunicar de forma mais fluida, havendo um diálogo menos permeado por projeções, com riqueza de simbolização, metáforas e bom humor. Já os casais em crise, ou aqueles com uma origem narcisista, quando um entende algo diferente do pretendido, acabam provocando uma irritação e um mal-estar, dificultando a comunicação e comprometendo o clima emocional entre as partes. Desse modo, o casal perde contato com a diversidade do outro, havendo uma única relação significado-significante, o que faz com que a comunicação se torne escassa, distorcida, frustrante, resultando em sentimento de incompreensão e distanciamento afetivo (PONSI, SEVERO, NIEDERSBERG, TUBINO, 2015).

Nessa perspectiva, o casal precisa criar seu próprio código de comunicação, servir-se dos códigos das famílias de origem para, então, dar à dupla a liberdade própria. A língua nova obriga a uma posição e movimentação do corpo completamente diferentes. Desse modo, o casal deve criar e preservar aquilo que lhe dá identidade, pois as coisas acontecem no entre dois, somos feitos do vincular, sendo a identidade desde o entre, uma produção constante do vínculo (SEVERO, 2014).

Ao tratar dessas questões na clínica psicanalítica, é importante investigar como o paciente reage ao novo, bem como criar espaço para manobras que permitam uma maior flexibilidade na comunicação do casal, através da retomada do diálogo e a possibilidade de se reinventar. A competição sempre existirá, mas deve ser trabalhada de forma a enriquecer a experiência da vida a dois, havendo uma disputa para construir alternativas criativas e expandir opções intelectuais e cotidianas. Assim, uma das funções do terapeuta é detectar, denunciar e esclarecer essas disfunções comunicativas, de forma a trabalhar com os pacientes como escutam o outro, como informam ao outro e que fatores contribuem para a incompreensão (PONSI, SEVERO, NIEDERSBERG, TUBINO, 2015).

A Relação Pai-Filho

Quanto à constituição do psiquismo familiar, entende-se que a escolha de objeto sexual, mobiliza os inconscientes individuais, fazendo surgir o inconsciente do casal e, logo, da família. A ressonância do objeto interior inconsciente do sujeito com o parceiro, bem como do parceiro com o sujeito resulta em uma dupla ligação ego-objeto inconsciente, sendo estas relações objetais entrecruzadas que fundam o mundo de objetos inconscientes partilhados. Na ocasião da chegada do filho, os objetos do mundo interno inconsciente da família são projetados nele. Os aspectos não resolvidos, através da relação marital, dos complexos infantis do pai e da mãe, intervêm parcialmente na constituição do ser infantil e de seu mundo objetal e fantasmático. Desse modo, entende-se que a organização do psiquismo familiar não é uma questão simples, visto que o mundo interno da família está atravessado por estas múltiplas representações de objetos (EIGUER, 1989).

Nessa perspectiva, o nascimento do primeiro filho, onde o casal deixa de ser fonte única de libidinização, implica a aquisição de um novo estatuto familiar, bem como um novo papel para os pais, acarretando em mudanças no funcionamento do casal. Trata-se da ruptura entre o passado e o presente, crise que implica uma quebra do espelho narcísico, gerando um não reconhecimento das partes e exigindo uma ressignificação dos papéis familiares (EIGUER, 1989).

Em relação às distintas funções, paterna e materna, acredita-se que estão atravessadas e se moldam através das características identificatórias de cada um dos sujeitos, as vivências pessoais, as recordações e também os furos de significação, o traumático. Além disso, as funções parentais se constroem junto com o aprendido em novos vínculos, com o criativo e com a experiência do inédito (GOMEL, MATUS, 2011).

No tocante à função paterna, entende-se que está é real, é presente, sendo que o pai opera um cuidado de qualidade amorosa, empática e num outro nível opera na qualidade da lei. Somente a interdição não constrói a relação pai-filho. Assim, para que a criança acredite no pai e respeite a autoridade, é preciso que o ame e saiba que é amado. A criança precisa se orgulhar do pai que tem e que é capaz de proibi-la, havendo uma corrente terna, carinhosa, presente na relação com o pai e o filho. Em toda relação paterna deverá haver algo de maternal, assim como na relação materna deverá haver algo de paternal (PONSI, SEVERO, NIEDERSBERG, TUBINO, 2015).

Nessa perspectiva, o pai inicialmente entra na relação com o filho sendo uma duplicação da figura materna, se inserindo na vida da criança com um aspecto da mãe que é duro, severo, indo, através de circunstâncias favoráveis, gradativamente se tornando em um ser humano capaz de ser odiado, amado e respeitado. Assim, o modo de ser do pai determina a forma como a criança usa ou não esse pai, ou seja, o pai pode estar ausente ou ser bastante presente, sendo que essas questões fazem uma grande diferença no significado da palavra família para a criança (WINNICOTT, 1984).

A Constituição Da Família E Sua Relação Com As Famílias De Origem

A escolha conjugal é determinada pela história infantil dos cônjuges, a situação de cada um no momento do encontro e certa dose de acaso, que possibilita que as pessoas coincidam em um lugar e época determinada. Assim, a escolha do par resulta numa solução de compromisso entre desejos adultos e infantis, sendo que o casal se constitui com ideais próprios e ideais parentais (LOSSO, 1998).

Nesse sentido, a atualização do mundo interno de cada cônjuge ocorre através da escolha mutua, caracterizada pelo enamoramento e selada nos acordos e pactos inconscientes. Esses acordos e pactos inconscientes podem impulsionar a complexidade da relação ou levar a repetições de modelos primitivos, visto que todo acorde se baseia no reconhecimento da diferença entre o eu e o outro. Ao longo do relacionamento, os acordos precisam ser atualizados, caso contrário podem comprometer o vínculo (BERENSTEIN, PUGET, 1994).

Desse modo, todo vínculo resulta em um conjunto de acordos que determinam um modo de ligação. São acordos onde as partes estabelecem o mais conveniente para a dupla, sendo que o modo como o casal vai investir afetivamente nessas regras, como vão articular suas expectativas, determina a manutenção do vínculo (SEVERO, 2014).

Quando o casal se forma, é importante estabelecer a diferença entre o conceito de objeto e de outro, pois a noção de outro excede a de objeto, sendo que a pessoa real se apresenta com sua condição de estranho, ocorrendo desilusões. A diferença do outro exige do sujeito uma modificação, pois mostra que o outro é diferente da expectativa criada. Com o casamento o sujeito deixa de ser um filho solteiro para ser um filho casado. Depois, deixa de ser filho para ser pai. Existe uma mudança de papéis e de funções que o coloca em uma situação nova e o obriga a modificar-se. Mas toda mudança psíquica implica um trabalho vincular e movimentos resistenciais ao vínculo e por estar vinculado (SEVERO, 2014).

Existem mapas emocionais moldados em nossas famílias de origem que marcam nosso comportamento e vida cotidianos, influenciando nossas preferências e gostos. Porém, a língua aprendida nas famílias não restringe nossa mente, visto que somos capazes de aprender coisas novas e mudar nos conceitos. Há algumas coisas que nossas famílias nos obrigam a pensar, mas por sorte não temos uma só origem, pois somos a multiplicidade de relações e a novidade de estar com o outro que é diferente, surpreendente (SEVERO, 2014).

Assim, quando um casal se forma, isso implica sentir-se pertencendo a esse vínculo e reconhecido pelo outro. Desse modo, muito da autoestima de cada um do casal depende de como estão sintonizados e reconhecidos nesse vínculo, sendo que a condição de homem ou de mulher depende de como o sujeito é visto pelo seu parceiro (KRACOV, 2005).

Considera-se que os casais que se dão bem ou deram certo são os enamorados, sendo aqueles que conseguem reagir a situações desafiadoras. São aqueles que não caem na repetição, não aplicam conceitos já prontos, pois são capazes de inventar uma relação diferente através da própria história. Entende-se que a história nos delimita, porém não diz tudo a respeito do que somos, devendo a história de nossa família ser pensada e ultrapassada para pensarmos quem somos (SEVERO, 2014).

Nessa perspectiva, para que um casal se estabeleça e, logo, se constitua como família, é preciso que ambas as partes estejam abertas ao que não vem do familiar, saindo de um padrão de repetição que impede a construção do casal. Assim, para que o casal possa formar esse novo vínculo, deve estar aberto a um novo contexto, uma vida diferente. O encontro com o outro deve permitir um reordenamento para a construção de acordos comuns, novos e exogâmicos, sendo os acordos únicos de cada casal, que só eles conhecem e estabeleceram que sustentam o vínculo (BERENSTEIN, PUGET, 1996).

Considerações finais

            O tema foi escolhido devido à frequência com que as questões referentes às relações e aos vínculos familiares se apresentam na prática clínica. Nesse contexto, constatou-se que a produção da subjetividade está baseada nos vínculos, construindo-se na relação com o outro. Não obstante, identificou-se a complexidade das relações familiares, visto que se configuram em um contexto compartilhado.

Também foi possível perceber a importância de buscar uma maior compreensão acerca da temática dos vínculos familiares, afim de poder desenvolver um olhar clínico mais sensível quanto a essas questões. Nesse sentido, constatou-se que o trabalho da clínica psicanalítica, através de um olhar vincular, possibilita uma revisão dos estereótipos familiares, buscando proporcionar ressignificações e novas inscrições nos vínculos familiares.

            Através desse estudo, percebeu-se a importância de maior quantidade de estudos e pesquisas que abordem o tema. Disseminar conhecimento teórico e poder colocar na prática o trabalho dos vínculos familiares na clínica é uma maneira de mostrar os benefícios proporcionados pelo trabalho vincular.

Referências Bibliográficas

BERENSTEIN, I. Del Ser Al Hacer. Buenos Aires: Paidós, 2007.

BERENSTEIN, I.; PUGET, J. Psicanálise Do Casal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

CAPRA, F. A Teia Da Vida. São Paulo: Cultrix, 1996.

EIGUER, A. Um Divã Para A Família – Do Modelo Grupal À Terapia Familiar Psicanalítica. Porto Alegre: Artes Médicas ,1989.

KRACOV, H. A. Outra Vez En Pareja – Nuevos Vínculos Viejos Tzures. Buenos Aires: Editorial Milá, 2005.

LOSSO, R (1998). A Psicanálise E O Casal. In: Psicoanálisis De La Familia. Recorridos Teórico-Clínicos. Colección De Psicologia Integrativa, Perspectiva, Interdisciplinária. Buenos Aires: Lumen, 2001.

PONSI, A.; SEVERO, A.; NIEDERSBERG, M.; TUBINO, R. Os Dois Lados Do Espelho: Relato De Uma Experiência Em Psicanálise Vincular. Porto Alegre: AGE, 2015.

SEVERO, A. O Suave Mistério Amoroso: Psicanálise Das Configurações Vinculares. 1. ed. Porto Alegre: AGE, 2014.

WINNICOTT, D. W. (1984). Tudo Começa Em Casa. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

Semana Mundial de Aleitamento Materno

A Semana Mundial de Aleitamento Materno ocorre em 120 países anualmente, entre os dias 1º e 07 de agosto, com a finalidade de promover o aleitamento materno e a criação de bancos de leite, garantindo, assim, melhor qualidade de vida para crianças em todo o mundo.

Os benefícios da amamentação exclusiva nos primeiro 6 meses de vida é inquestionável e largamente falado em meios de comunicação, artigos científicos e discurso popular.

Um bebê que recebe aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses recebe um alimento nutricionalmente completo, que tem um efeito importante no reforço da imunidade do bebê, funcionando como proteção para doenças em geral, principalmente as infecciosas e alérgicas. Além disso, a ordenha proporciona um crescimento e desenvolvimento adequados das funções craniofaciais que poderão influenciar questões respiratórias, dentárias, mastigatórias e de articulação da fala.

Quando tudo acontece dentro do esperado, um bebê consegue ser alimentado no seio materno já nos primeiros minutos de vida. O entrosamento entre bebê e mamãe para a amamentação poderia ser comparado a uma “dança”. É necessário conhecer o ambiente, saber suas posições, a coreografia, treinar os passos e estabelecer o ritmo. Algumas duplas de mamãe-bebê, logo entram no ritmo, outras necessitam mais tempo para conseguir o entrosamento necessário.

Se a “dança” da amamentação for prazerosa para mamãe e para o bebê, contamos com o fortalecimento afetivo da relação, aumentando a intimidade entre eles. Os estímulos sensoriais agradáveis no bebê são aguçados durante este momento particular: o tato – com o contato da pele e roupas da mãe; o olfato e paladar – com as sensações geradas no cheiro e no sabor do leite materno, que poderão mudar, de acordo com a dieta da mãe; a escuta – com o sons desconhecidos, que podem assustar ou roubar a atenção da mãe, ou com os barulhos conhecidos do corpo da mãe (batidas do coração e respiração); a visão – com as conversas entre mamãe e o bebê quando as trocas de olhares falam junto com as palavras.

Mas a perfeição deste momento está no fato de ser uma relação de amor, nutrição, conforto e prazer. Quando alguma destas questões não está adequada, é necessário avaliar o que está acontecendo.
Muitas vezes, ajustes simples podem devolver a possibilidade de amamentar, consulte um especialista em amamentação.

Fonte: www.portalped.com.br ; https://brasilescola.uol.com.br/

Parceria da Clínica e Instituto Horizontes com o Instituto Santa Luzia

A Clínica e o Instituto Horizontes há 4 anos tem mantido uma grande parceria com o Instituto Santa Luzia, realizando acompanhamento de alunos, projetos diversos, atividades de formação pessoal, reunião de pais e professores. Nesse momento onde todos sentem -se angustiados e aflitos com a nova realidade que vivemos, estamos estreitando nossa parceria. A clínica coloca-se ainda mais à disposição da comunidade escolar, através de atendimentos on-line e presenciais, nas áreas de psicologia, psicopedagogia e fonoaudiologia.

Saiba mais sobre o instituto em: https://isl-rs.com.br

SELEÇÃO PARA ESTÁGIOS na Clínica Horizontes

Confira as informações:

Vaga de estágio de Psicologia Clínica

  • Período do estágio: Agosto de 2020 à Julho de 2021;
  • Carga horária semanal: 16 horas;
  • Horário Obrigatório: Quinta-feira pela manhã e participação em um Núcleo de Estudos
  • Inscrições de 25 de Maio à 05 de Junho, pelo email “instituto@clinicahorizontes.com.br”
  • Documentos: currículo Vitae e Carta Motivacional.
  • Formato de Seleção: Será marcada uma entrevista via Skype

Vaga de estágio de Prática em Psicopatologia – Básico

  • Período do estágio: Agosto de 2020 a Dezembro de 2020;
  • Carga horária semanal: 12 horas;
  • Horário Obrigatório: Quinta-feira pela manhã;
  • Inscrições de 25 de Maio à 05 de Junho, pelo email “instituto@clinicahorizontes.com.br”
  • Documentos: currículo Vitae e carta motivacional.
  • Data da Seleção: Será marcada uma entrevista via Skype
Local para estágio: Rua Professora Cecília Corseuil, 250, Tristeza, Porto Alegre/RS

Atividades para fazer em casa

Neste período em que precisaremos permanecer em casa com as crianças precisamos primeiramente de um planejamento do dia. Lembrando da importância de manter uma rotina para podermos aproveitar o tempo de forma organizada, evitando que as crianças permaneçam mais tempo que o recomendado em frente a celulares, computadores, tablet…

O ideal é começarmos pela manhã com atividades que gatem energia, pois a rotina em casa deixa a criança com energia acumulada.

Sugestões:

Brincadeiras de balão, assim não quebramos nada da casa, kkk

Com o balão cheio, não podemos deixar que encoste no chão

Atividades com balão trabalham: atenção, coordenação e paciência, pois precisamos esperar o balão descer, além de ser muito divertido!!

Caça ao tesouro, procurar objetos escondidos é divertido em qualquer idade:

Com o mapa em mãos as crianças devem descobrir (pistas escritas quando alfabetizadas ou desenhos para os que ainda não estão alfabetizados) onde estão os objetos perdidos.

Esta atividade trabalhamos: atenção, leitura para os alfabetizados, persistência, freio inibitório.

Uma atividade de volta a calma:

Lego é sempre uma ótima opção pois trabalha o raciocínio lógico, concentração, imaginação e ajudam as crianças a se acalmarem…

Cinco Marias

Uma brincadeira antiga que merece ser resgatada!!

Trabalhamos: coordenação motora, coordenação viso –motora, persistência, freio inibitório…

Atividades de leitura, afinal precisamos manter o contato com os estudos sempre!!

Escolher um bom livro, gibi, revista… Para os que ainda estão em processo de alfabetização a criatividade em inventar histórias a partir das figuras é ótimo.

Enfim, nossa sugestão é aproveitar para resgatar algumas brincadeiras da nossa infância com nossos filhos e passarmos um tempo juntos.

Em breve, novas sugestões surgirão…

Texto desenvolvido pela psicopedagoga Andrea Marcant

Adaptação e Inclusão de Crianças com Deficiência na Educação Infantil

Esse assunto partiu da relevância de que temos que debater e refletir
sobre o trabalho com as crianças com deficiência na educação
infantil.
            Por exemplo, os primeiros dias da criança com deficiência na
educação infantil: esse processo possui suas especificidades e assim
exige organização e planejamento da equipe da instituição para que a
inclusão do aluno com deficiência nas atividades do grupo ocorra
adequadamente.

            Ao analisarmos os aspectos do planejamento para o
acolhimento dessas crianças, é preciso um trabalho de parceria da
inclusão da família como um importante aliado
para a evolução na adaptação.
As informações trazidas pelos familiares são relevantes, pois
orientam as educadoras a realizarem um excelente acompanhamento. Além
disso, essas trocas com a deficiência mostraram que a permissão para
permanência de membros da família no período de adaptação se limita a
alguns minutos no momento da entrada e saída da criança. Percebe-se
como incipiente esse curto período de tempo para a presença da família
na escola no período de acolhimento, esse fator que pode fragmentar a
relação escola e família.
            Já com relação aos desafios com os quais se deparam os professores
para acolher uma
criança com deficiência, é evidenciado que todo processo de adaptação
exige maior atenção para acolher e desenvolver um trabalho com essas
crianças. Nesse sentido, outra questão refere-se ao conhecimento
necessário dos envolvidos, para viabilizar a inclusão.
Com isso ao mesmo tempo a Escola de Educação Infantil, preza pela formação continuada na perspectiva da inclusão, além de
haver mais apoio de profissionais especializados e de sua presença na
escola.
            Não podemos desconsiderar os conhecimentos que são viabilizados pelos conhecimentos pedagógicos gerais das educadoras, exigindo delas
superação a cada dia. Percebe-se que essas conquistas
vêm sendo superadas com criatividade, comprometimentos, respeito e
compreensão da diversidade presente na escola, tendo as atividades
lúdicas como importante aliada.
            Tecendo uma relação entre o que dizem os dispositivos legais e a
realidade da adaptação inclusiva, evidente que, embora sejam
relevantes os avanços promovidos nos últimos anos com a perspectiva da
inclusão de crianças com deficiência na escola, percebe-se que o
acolhimento para consolidação da adaptação inclusiva é um
processo complexo, que articula estudos da área da educação especial e
da educação infantil, juntamente com a Psicologia. Entende-se que refletir sobre esse
início da escolarização é de extrema importância e que, no caso das
crianças com deficiência, a organização das práticas pedagógicas terá
impactos para elas e suas famílias que marcarão a história dessas
crianças.

Texto desenvolvido por Raí Correia, psicologo da clinica horizontes.

Os Tipos de Medo Infantil

O medo é algo que está escrito em nosso código genético e nos protege de perigos, na infância temos tipos de medo infantil categorizados . À medida que criança cresce, ela desenvolve um sistema de controle mental e enfrenta o medo de modo mais racional, a menos que seja pega de surpresa, quando isso acontece ela não consegue enfrentar os perigos de forma calma.

Porém há um longo caminho a percorrer para que a criança consiga fazer isso, no qual à medida que certos medos são dominados novos surgem. No nascimento o cérebro ainda não é capaz de reagir seletivamente a estímulos e nem controlar seus movimentos. O controle progressivo das capacidades motora e cognitiva permitem que o bebê perceba certos perigos.

A partir desses processos, podemos ver 3 tipos de medo infantil, os principais são:

Medos Inatos

Existem os medos que estão presentes desde o nascimento os medos inatos. Eles se encontram presentes nos primeiros meses de vida do bebê se caracterizando pelo medo do desconhecido e a falta de controle que se tem. Exemplo de medos inatos são flashes, movimentos bruscos e perda de apoio, esses medos podem ser acentuados ou amenizados, depende da forma que os pais abordam essas situações.

Medos que aparecem com o crescimento

Existem também aqueles medos que aparecem durante o crescimento, eles aparecem de acordo com que nos adaptamos ao ambiente e desenvolvemos novas funções cognitivas. Com 4 anos é comum ter medo do escuro, pois não estamos familiarizados com a escuridão e com o desenvolvimento da imaginação passamos a associar escuridão com bruxas e monstros.

Medo que surgem com eventos traumáticos

E os que surgem com traumas ou induzidos pelo meio, eles se concretizam quando a criança passa por situações de estresse que não conhecia antes. Um exemplo disso pode ser visto quando a criança vai tomar banho e a água está fria, essa situações podem resultar em medo de água.

Existem livros infantis que ajudam as crianças a superarem seus medos de uma forma lúdica e divertida como:

Capa do livro Nina e a Lamparina, Autora Claudia Nina, ilustrações Cecília Murgel
  •   No livro Nina e a Lamparina, a protagonista Nina de 5 anos tem medo de escuro e acredita que a noite traz pesadelos. Mas com a ajuda da mãe que lhe dá um pedaço do sol, uma luminária Nina consegue superar seu medo.
tipos de medo infantil
Capa do livro Gildo, Autora Silvana Rando
  •   No livro Gildo, Gildo o protagonista é um elefante, ele é retratado sendo muito corajoso. Mas tem pavor de balões de aniversario, até que quando posto em uma situação que não pode fugir de balões ele se acostuma com eles e vê que só tinha medo disso porque não era acostumado com o balão.
Capa do livro Mimi a coruja que tinha medo de escuro
  •     Na série Nada de medo da Panda Books, nela temos histórias que representam o medo como algo que deve ser respeitado. Como no livro Mimi a coruja que tinha medo do escuro, Gaspar o lobo que tinha medo de lobo e Léo o pássaro que tinha medo altura.

 Portanto sempre que um dos tipos de medo infantil atrapalhar o desenvolvimento de uma criança, procure um especialista, ele poderá analisar o tipo de medo que a criança está tendo, para assim conseguir ajudar ela a superara-lo.

Autora:  Vanessa Diehl, Sócia da Clínica Horizontes, Especialista em Neuropsicologia e em Neurociência

CARTEIRA DE IDENTIFICAÇÃO PARA PESSOA AUTISTA

O transtorno do Espectro Autista (TEA) se trata de uma maneira singular do desenvolvimento humano, na qual a comunicação e a sociabilidade tem características diferentes de um desenvolvimento evolucionário “normal”.

Assim, a Lei 13.977 de 08 de janeiro de 2020, cria a Carteira de Identificação de Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea).

Em seu artigo 3º-A traz a previsão da Carteira de Identificação com os seguintes objetivo:

  1. Garantir a atenção integral;
  2. O pronto atendimento;
  3. A prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, na saúde, educação e Assistência Social.

A expedição da Carteira de Identificação será expedida pelos órgãos responsáveis pela execução da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoal com transtornos do Espectro Autista, acompanhando de RELATÓRIO MÉDICO, com indicação do código CID.

A Carteira terá validade de 05 anos e será gratuita.

Referencias:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L13977.htm

Autores:  Vanessa Diehl, Sócia da Clínica Horizontes, Especialista em Neuropsicologia e em Neurociência e Juliano Bacelo, Advogado, Sócio da Nexo Corporativo, com MBA em Administração e Gestão, Pós-graduado em Gestão e Legislação Tributária e Especialização em Direito e Processo do Trabalho.