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Revista Horizontes Psicanalíticos

A Revista Horizontes Psicanalíticos é uma publicação científica do Instituto Horizontes desde 2021. O periódico é dirigido para profissionais, estudantes, professores e pesquisadores interessados em Psicanálise. Seu objetivo é publicar artigos inéditos que contribuam para o desenvolvimento do pensamento psicanalítico. Desta forma, a revista se interessa pela publicação de manuscritos que fomentem o avanço na Psicanálise através de publicações sobre teoria e técnica psicanalítica, história da psicanálise, formação psicanalítica, pesquisa psicanalítica e estudos de casos clínicos com ênfase em psicanálise. Cada número da revista poderá incluir artigos teóricos, empíricos com fundamentação psicanalítica, relatos de experiência, artigos de estudos de caso clínicos ou vinhetas clínicas, ensaios, resenhas de livros e entrevistas. Nela abordamos temas atuais e condizentes com a situação que estamos vivendo.

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Escrever o matar-se

Publicado em 1774, «Os sofrimentos do jovem Werther» é um livro do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, grande expoente do Romantismo, movimento artístico e intelectual que reverencia o sentimento. A obra conta a história trágica de um rapaz que se mata depois de não ter o seu amor correspondido. Supostamente, o romance teria levado um grande número de pessoas a tirarem a própria vida após sua leitura, fragilizadas pelo drama fictício do protagonista. Esse fenômeno passou a ser denominado de efeito Werther, quando a ampla exposição de um suicídio desencadeia outros casos.

Sem dúvida, é necessário cuidado ao abordar a divulgação e a compreensão do comportamento suicida, o que não significa ignorar a questão. Ao contrário, é preciso se debruçar sobre ela com minúcia. Para além da estética da história e da escrita, «Os sofrimentos do jovem Werther» faz justamente isso, trazendo à cena um assunto tabu que muitos insistem em varrer para baixo do tapete. Em tempos de desrazão, esse fato por si só confere ao romance um valor inestimável.

Essa problemática tem recebido especial atenção nas últimas décadas. Em 1999, a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou uma campanha global de prevenção do suicídio. No ano de 2003, foi promulgado o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio pela International Association for Suicide Prevention. No Brasil, em 2015, foi criado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) o Setembro Amarelo, movimento de conscientização sobre a importância de compreender e intervir no fenômeno.

Recentemente, é possível identificar o grande esforço, por parte de instituições e profissionais da saúde mental, em trazer à cena a discussão sobre o suicídio. Por se tratar de um fenômeno complexo e multifacetado, sua gravidade assombra o imaginário coletivo, o que frequentemente leva à dificuldade de aborda-lo, seja em âmbito público ou privado, leigo ou profissional. No entanto, falar constitui o primeiro passo para compreender o comportamento suicida, que urge, antes de qualquer coisa, ser escutado.

Frente à aceleração das mudanças que perpassam as gerações presentes e vindouras, os indivíduos têm cada vez menos tempo para refletir e se adaptar às transformações da cultura e construir uma identidade própria. Diante desse cenário, o que se vislumbra é a experiência da angústia de viver. Apesar dos obstáculos impostos a essa desafiadora tarefa, o trabalho de colocar em palavras a dor e, por vezes, o sentimento de impossibilidade de existir, se mostra

cada vez mais imprescindível, seja no divã ou na poltrona do consultório, seja no sofá de casa, com um livro à sua frente.

Adams Friedemann (CRP 07/31976)

Psicólogo (UFCSPA). Bacharel em Filosofia (PUCRS). Mestrando em Psicologia e Desenvolvimento Humano (UFRGS).

E-mail: adamsfmann@gmail.com Instagram: @adams.psi

O prazer, a realidade e a ideia de desejo

Tido como propósito dominante dos processos inconscientes, o princípio do prazer representa a busca incessante do aparelho psíquico pela satisfação prazerosa de suas pulsões libidinais. É, de toda forma, uma característica fundante das estruturas psicológicas, representando as inscrições da dimensão imaginária que ao irromperem em seu campo material –a linguagem- ganham forma nas mais variadas manifestações comportamentais.

A partir do momento do nascimento, o indivíduo inicia uma jornada de construção de si mesmo por meio de tentativas sistemáticas de obtenção de prazer e a consequente frustração causada pelas imposições da realidade externas ao próprio eu (inclusive a demarcação espacial e semântica do que o sujeito futuramente chamará de ‘corpo’). Pela articulação entre prazer e poder (realidade), o processo de diferenciação entre o “eu” e o “outro” resulta do contato entre o corpo desejante (governado exclusivamente pelo desejo de satisfação e prazer) e o corpo simbólico (construído como uma metapercepção de um “eu” ideal, per se, socialmente formatado).

O corpo simbólico atua sobre o corpo desejante pela introjeção das leis estéticas sociais (e.g. tabus, mitos etc.), ativando as imposições que limitam e inibem a satisfação total das pulsões motivadas pelo principio do prazer. No contato com a cultura, o indivíduo composto de um ego-prazer transforma-se em um indivíduo composto de um ego-realidade, consolidando parcela de sua realidade psíquica pela dimensão do super-ego. Por meio da dimensão super-egóica, o corpo desejante (outrora governado pelo princípio do prazer), torna-se agora governado por um princípio de realidade, onde o desejo propulsor do ‘eu’ na malha social é, senão, o da proibição.

A proibição instaurada pelo modelo relacional do sujeito com a realidade, descrito por Lacan como nome-do-pai, pauta as relações do eu com o Outro, e solicita do frágil ego- prazer a submissão às dinâmica de saber-poder. Assume-se que para o ego-realidade, o papel patriarcal (daquele que possui o falo) é o que inscreve o ego-prazer no campo do  Outro e, assim, o eu no campo político (i.e., um ‘eu’ que se entende como alguém político e com uma existência socialmente validada).

Diz Lacan que o Outro atua sobre o sujeito na forma de um conjunto de leis contextualmente localizadas, onde o desejo pelo poder (i.e., pelo falo) permite a inscrição do ego-prazer no âmbito das trocas simbólicas e, consequentemente, a transmutação do princípio do prazer (corpo desejante) em um desejo pela proibição (corpo simbólico, fundamentalmente imperfeito e faltante). Não distante disso, como apontado por Judith Butler, reside no desejo pela proibição o desejo pela sujeição (i.e., a possibilidade de

simbolizar). De forma geral, pode-se dizer que o sujeito se constitui pela proibição e abnegação de si mesmo, por meio do discurso do Outro.

Assumindo tais concepções teóricas a respeito do “desejo pela proibição” e a ideia de princípio do prazer como Leitmotiv do desenvolvimento psicológico e de socialização, restam alguns dilemas à psicanálise, que circundam a ideia de o princípio do prazer ser, ou não, um princípio fundamental da constituição egóica. Mais além, tendo noção de que a linguagem é o ponto de partida para a construção sujeitiva, não mais podendo associar-se a dimensão inconsciente a uma dimensão pré-discursiva ou antagônica ao desejo cultural (pela proibição), seriam o inconsciente e a realidade realmente duas estruturas separadas e dissociadas em propósito, uma da outra, ou, na verdade, ambas dimensões estariam orientadas para uma mesma meta constitutiva? Afinal, o que é (ou qual é) o desejo da psicanálise?

Textos que embasam essa escrita:

Butler, J. (1990). Gender Trouble: feminism and the subversion of identity. New York, Routledge: Champman & Hall.

Deleuze, G. & Guattari, F. (2010). O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34.

Foucault, M. (1976). A história da sexualidade I: vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal.

Freud, S. (1920) Além do princípio de prazer. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago.

Lacan, J. (2008). O Seminário 16 – De um Outro ao outro. Rio de Janeiro: Zahar.

Sobre o autor:

Willian Krüger é Psicólogo Clínico (CRP 07/35028) com especialização em andamento em Psicoterapia Psicanalítica. Atua como pesquisador no Grupo de Pesquisa em Ciências da Linguagem – GPCL (UFCSPA) e no Núcleo de Estudos em Gênero, Sexualidade e Saúde (EGSS). Atua nas áreas de Análise da Conversa, Psicoterapia, Psicanálise e Gênero & Sexualidade. Ele é membro da Sociedade Internacional de Análise da Conversa (ISCA) e

da Associação Internacional de Sociologia (ISA – RC 25 Language & Society). Trabalha com atendimentos clínicos presenciais e online, com crianças, adolescentes e adultos.

Contato: willianmk@ufcspa.edu.br │+55 51 98040-3740

INCLUSÃO E CULTURA DEFICIENTE

Texto de: Marta Müller Stumpf

Imagino que a maioria de vocês conheça o conto “O Alienista” de Machado de Assis. Quem não leu, leia. Muito resumidamente, nesse irônico conto conhecemos a história do médico Simão Bacamarte, que decidiu seguir a profissão de psiquiatra em Itaguaí, junto de sua esposa Evarista. Ele monta na cidade uma espécie de hospício, com o nome de Casa Verde, onde busca analisar o homem e realizar suas pesquisas científicas, porém a população não recebe bem suas idéias e ele decide aprisionar os loucos, em determinado momento o médico passa a considerar todos loucos, inclusive sua própria esposa e por final ele mesmo.

Com o embasamento nessa literatura realista de Machado de Assis, farei algumas observações sobre a forma como a segregação atinge nossas vidas e como ainda temos “Itaguaís” pelo mundo. Quem representa o Dr. Simão Bacamarte e a Casa Verde no nosso cenário atual? Quem é nosso messias?

Davi Rodrigues, um excelente estudioso da educação inclusiva, sempre se refere a uma frase que penso muito: “A inclusão deve lidar com a diferença para que ela não origine a desigualdade social”. Essa frase é simples e complexa, pois reflete o direito multiplicador da inclusão, o desejo da diversidade, de educação para todos, que privilegie o lugar de fala de cada um. Na educação inclusiva precisamos contemplar 3 aspectos: – a primeira infância por sua importância; – os ambientes capacitantes e – a neuroplasticidade.

Pergunto a vocês: se a educação é para todos e a nossa sociedade tem que ser para todos também, como admitir a existência de uma “casa verde” nos dias de hoje? Escola especial não é inclusão, é segregação, uma casa que se destina a abrigar o diferente não é inclusão, é segregação, pois parte de uma visão de que posso ter mais mérito do que o outro, de avaliar ou classificar o outro e eu? para pensar…

Vamos a um pouco de história: desde o século XVIII as sociedades definiram as diferenças entre normal e anormal, o anormal era excluído,

escondido; no final do século XIX os transtornos mentais começaram a ser diagnosticados, como fazia Dr Simão, que classificava os loucos como furiosos e mansos, detentores de monomanias, delírios e alucinações diversas. No século XX surgiram os asilos, os depósitos de pessoas, como o “cárcere privado” chamado “Casa Verde”. A ciência se debatia em busca de classificações, Simão Bacamarte e o boticário também. Manuais procuravam respostas para as tais “coisas humanas”. Não havia explicação cartesiana para nenhuma dessas questões complexas do homem, nem na casa verde e nem hoje há. Estamos no século XXI e ainda hoje vemos abrigos de pessoas segregadas por uma sociedade que não acredita em equidade na teoria e na prática e ousam falar de meritocracia. Falta empatia, falta essa tal coisa humana… Davi Rodrigues fala em utopia, o que seria isso? Quem acredita em inclusão está falando de utopia? Utopia é esse não-lugar, esse farol que nos faz caminhar, uma esperança ativa.

Podemos pensar numa casa que promova saúde, na qual a diversidade seja respeitada, acolhida e valorizada; uma casa onde predomine a empatia, em que prevaleça uma ética do cuidado, como bem nos mostra Emmi Pikler, Sandor Ferenczi e todo o pessoal que promove saúde. Quem pode avaliar quem visita essa casa? Nessa casa ninguém fica, visita, não é um cárcere, mas uma casa que podemos visitar quando necessitamos ou desejamos. Nessa casa utópica não existe uma classificação de pessoas, existem seres humanos diferentes, como eu e você. Nessa casa as angústias do boticário tem escuta, tem auxílio, tem voz e tem vez, é uma casa para todos, o lema é: Nada sobre nós sem nós. Aprendemos juntos, colocamos metas juntos.

Quando penso em Sandor Ferenczi e no processo da inclusão, sempre vem em minha mente alguns textos de sua obra: o Adestramento de um cavalo selvagem de 1916, Adaptação da Família à Criança de 1928 e A Criança mal acolhida e sua pulsão de morte de 1929.

Em Adestramento de um cavalo selvagem o autor traz a questão sobre como domesticar um ser, faz uma analogia do adestramento com as relações parentais abusivas e como nessas relações os cuidadores utilizam métodos que oscilam entre doçura e intimidação, contendo uma dupla mensagem que captura o sujeito. Nesse curto capítulo Ferenczi traz a ideia de que um ser humano submetido, no decorrer de sua infância, a esses excessos de ternura

e intimidação, corre o risco de perder para sempre a capacidade de agir com independência. Essas crianças domesticadas seriam mais tarde os sujeitos sempre receptivos à sugestão parental e também a maioria dos neuróticos. Podemos questionar se, no modelo médico de reabilitação, não há um manejo de submissão das pessoas com deficiência, como os loucos mansos de Simão Bacamarte, e não uma relação e ambiente que acolham e promovam saúde de fato. Para além das deficiências temos que pensar num modelo de saúde que proporcione socialização sem alienação e que opere orientação sem oposição repressiva.

Em Adaptação da família à criança Ferenczi (1928) nos evoca a pensar o quanto a família deve se adaptar à criança e não o contrário, como costuma ocorrer. Escreve que a psicanálise deve às crianças uma melhor compreensão e que os cuidadores devem se compreender melhor também, pois, segundo o provérbio alemão citado por ele, tornar-se pai é mais fácil do que ser. Para o autor, a falta de apreensão da própria infância é o maior obstáculo que impede os cuidadores de compreenderem as questões essenciais da educação. A passagem da primeira infância primitiva à civilização pode ser traumática quando cuidadores não lidam bem com suas próprias questões. As dificuldades de adaptação das crianças estão intimamente ligadas ao seu desenvolvimento sexual e na relação de dependência com seu meio circundante. Há uma identificação com a autoridade que pune, abusa, maltrata ou desampara e cada criança estabelece dentro de si pais e mães interiores.

No texto A Criança Mal Acolhida e sua pulsão de morte de 1929 Ferenczi nos faz refletir sobre o quanto crianças que foram hóspedes não bem-vindos na família irão registrar esses sinais de aversão, impaciência e pouco amor repercutindo na vontade de morrer, perdendo o gosto pela vida muito precocemente. O brilhante autor já considerava a importância fundamental do ambiente no decorrer desse processo de adaptação da família à criança, ele diz: “A criança deve ser levada, por um prodigioso dispêndio de amor, de ternura e de cuidados, a perdoar aos pais por terem-na posto no mundo sem lhe perguntar qual era a sua intenção, pois, caso contrário, as pulsões de destruição logo entram em ação”.

Na mesma Hungria de Ferenczi temos a pediatra Emmi Pikler e seu trabalho lindo com as crianças abandonadas no período pós guerra que foram

acolhidas no instituto Lóczy. A recuperação da condição humana como sujeito de suas emoções, movimentos e interações mudou o destino das crianças que passaram por lá e que ainda passam pelo instituto. Ainda hoje vemos que essa condição humana de sujeito é esquecida quando as crianças são meramente submetidas e adaptadas à sociedade enquanto a sociedade deve se adaptar a cada criança e sua peculiaridade. Precisamos cada vez mais estar atentos a essa ética do cuidado.

A leitura de “O Alienista” nos evoca a pensar também na forma perversa e trágica de obtenção de poder que a sociedade impõe. Freud e Foucault e suas obras geniais sobre a cultura sempre nos evocaram a pensar: Por que a diferença incomoda tanto? Desde 1919 em seu texto O Estranho, Freud nos faz pensar sobre a inquietação que o outro nos causa, o que tem de mim no outro, nesse sentir algo que é ao mesmo tempo estranho e familiar, nesse grande desafio do reconhecimento do eu como diferente do outro.

Foucault sempre se viu desafiado pelo tema da exclusão e esse mecanismo da nossa cultura ocidental que separa normalidade e anormalidade, interrogou saberes e poderes que traçam nosso discurso.

Desde a exclusão, segregação, integração até chegar à luz do farol da inclusão temos um longo caminho; esse processo requer força, potência, criatividade, humanidade, conhecimento e uma esperança ativa. Saber é poder…

Sabemos que assim como o racismo é estrutural, todo e qualquer tipo de exclusão é estrutural também, vivemos numa sociedade estruturalmente capacitista, preconceituosa, não há cura para o diferente, há sim relações e vivências que potencializam as pessoas e assim todos sofrem menos, ganham todos.

Não precisamos de corpos dóceis (loucos mansos como classificaria Dr Simão) precisamos de um modelo biopsicossocial para todos e da nossa luta por acessibilidade e promoção de saúde, porque de perto ninguém é normal.

Para encerrar cito uma frase de Andrew Solomon em seu brilhante livro “Longe da Árvore” de 2013:

“A paternidade nos joga abruptamente em uma relação permanente com um estranho, e quanto mais alheio o estranho, mais forte a sensação de negatividade. Contamos com a garantia de ver no rosto de nossos filhos

que não vamos morrer. Filhos cuja característica definidora aniquila a fantasia de imortalidade são um insulto em particular, devemos amá-los por si mesmos, e não pelo amor de nós mesmo neles, e isso é muito mais difícil de fazer. Amar os nossos filhos é um exercício para a imaginação”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Diniz, Débora. O que é deficiência. Ed: Brasiliense. SP. 2021

Falk, Judith (org). Educar os três primeiros anos: a experiência Pikler-Lóczy. Ed: Pedro e João editores. SP. 2021

Foucault, M. Microfísica do Poder. Ed: Paz & Terra. SP. 2021

Freud. O estranho. 1919. Obras Completas. vol XVII. Ed: Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud.

Ferenczi, S. (1913a). Adestramento de um cavalo selvagem. In S. Ferenczi (Vol. 2). SP. Ed: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1916).

Ferenczi, S. (1992b). Adaptação da família à criança. In S. Ferenczi, Psicanálise

IV. São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1928)

Ferenczi, S. (1992). A criança mal acolhida e sua pulsão de morte. In S. Ferenczi Psicanálise IV (A. Cabral, trad., pp. 47-52). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1929)

Machado de Assis. O Alienista. Ed: Cobogô. SP. 2020

Appell,G., David, M. Maternidade insólita. Ed: omnisciência. SP 2021.

Rodrigues, D. Inclusão e Educação: Doze Olhares Sobre a Educação Inclusiva. Ed: Summus. SP. 2006

Solomon, A. Longe da Árvore. Ed: Companhia das Letras. SP. 2013.

Os casais na pandemia

A pandemia trouxe os mais variados impactos na vida da população, principalmente para os casais. A intensa convivência, as poucas distrações, os poucos encontros com amigos e familiares,  as muitas preocupações e medos, as novas tarefas domésticas, as dificuldades de lidar com situações estressantes e com as tomadas de decisões em conjunto; tudo isso, causou um aumento no número de divórcios no país.
A convivência do casal ser a queixa principal para as separações é uma notícia que chama atenção.  Estudamos que a presença do outro obriga que haja um trabalho vincular diário para que o casal possa permanecer juntos e com novas marcas. Estar junto nas identificações e nas diferenças, no corpo e na palavra, na individualidade e no ser casal para que a pandemia não os separem.
De fato, esse é um trabalho difícil que precisa ser feito diariamente pelo casal na base da comunicação e do cuidado. Alguns casais que se separaram provavelmente já vinham com fragilidades na relação; outras duplas procuraram ajuda e estão reorganizando suas rotinas, combinando novos arranjos, utilizando da criatividade e da convivência para manter-se juntos.
Nosso grupo de estudos convida todos os colegas a pensarem sobre as questões relacionadas aos vínculos e fica a disposição dos casais e famílias que estão enfrentando dificuldades vinculares no momento.

  • Grupo de Estudos Psicanálise Vincular/ – Psicologa Gabriela Martins

“Os retirantes “ de Cândido Portinari: o esforço para ser humano é o que nos torna vivos

Cleuza Mara Lourenço Perrini

Porque o que é bonito é o que captamos enquanto passa. É a configuração efêmera das coisas no momento em que vivemos ao mesmo tempo a beleza e a morte. Ai, ai, ai, pensei, será que isso quer dizer que é assim que temos de viver a vida? Sempre em equilíbrio entre a beleza e a morte, o violento e seu desaparecimento? Estar vivo talvez seja isto: espreitar os instantes que morrem. (Muriel Barbery, 2008, p. 293)

Perda e recuperação
Em tempos onde os imigrantes são considerados persona non grata em quase todo o mundo, nunca Portinari esteve tão atual na sua arte de “Os retirantes”.
Todos nós somos retirantes após a cesura do nascimento, quando excluídos pisamos nesta terra pós-mundo uterino. Sere- mos eternos imigrantes em busca da terra prometida.
Nos estados primitivos da mente, os processos de (des)inte- gração são caracterizados por experiências recorrentes de perda e recuperação (Klein, 1957/2006). O sentimento de “estar perdi- do” é equivalente ao medo da morte. A perda do objeto externo, como a pátria mãe, o chão que habita e é habitado, desempenha um papel na solidão ao longo da vida. A dor que acompanha os processos de integração contribui também para a solidão, intensificada na vivência da posição depressiva. Junto à desinte- gração, ao aniquilamento e à cisão, existe desde o início da vida humana à natural tendência à integração.
Se nos remontarmos aos primórdios da espécie e ao nosso parentesco com os peixes, tão bem expresso por Ferenczi em Thalassa (1924/2011), proponho que Portinari retrata a saída da vida intrauterina, em parte pelo conhecimento filogenético inconsciente de descendermos de vertebrados aquáticos e que nos denomina retirantes. A tela expressa essa dor da passa- gem da vida aquática para a seca paisagem, nos obrigando à sobrevivência e à adaptação a uma vida terrestre que exige res- pirabilidade através dos nossos próprios pulmões.
Nesse sentido, o simbolismo marinho da mãe pos- sui um caráter mais arcaico, mais primitivo, ao passo que o simbolismo da terra reproduz aquele período mais tardio em que o peixe, lançado à terra em consequência da secagem dos mares, tinha de se contentar com a água que se filtrava desde as profundezas do subsolo (o qual, ao mesmo tempo, o alimentava). (Ferenczi, 1924/2011, p. 317)
Avento que Portinari, ao pintar uma família pródiga com seis filhos, retrata a fertilidade do casal, algo como uma busca talâmi- ca do mundo intrauterino vivido através da relação sexual. Esse “retorno temporário” (Ferenczi, 1924/2011) ao seio materno, a repetição dos perigos inerentes ao nascimento, a luta e a adapta- ção à vida nos enternece em sua pintura. O coito se encarrega por si só da satisfação do corpo, de amenizar os traumas vividos no decorrer da própria existência humana, com potência e superação. Os retirantes passam a ser a expressão da luta ancestral humana após a “catástrofe da seca” – vida extrauterina, vida severina.
A posse de verdadeiros órgãos genitais, o desenvol- vimento no interior do corpo materno e a sobre- vivência à grande catástrofe da seca dos oceanos constituem, portanto, uma entidade biológica inse- parável; poder-se-ia ver nisso a causa fundamental da identidade simbólica que existe entre o ventre materno, o oceano e a terra, por uma parte, en- tre o membro viril, a criança e o peixe, por outra. (Ferenczi, 1924/2011, p. 319).

O sentimento de morte
“O esforço de se tornar humano está entre as poucas coisas da vida humana que pode ser mais importante para a pessoa do que a sobrevivência” (Ogden, 2013, p. 31).
O material psicanalítico corrobora para nos apontar essa busca incessante.
M: “Meu marido me matou ao me trair, acabou com tudo que tínhamos, sou uma morta. Me libere das sessões, basta uma por semana…”, me diz Maria.

C: “Do que você espera se liberar?”
M: “Dessa dor”( e aperta o peito constrita).
C: “Então você está viva… sofrendo muito, muito! E estou aqui com você nesta dor.”
M: “Eu estou doente… em pedaços… e para esse mal não há cura… queria apagar tudo… acreditar que nada disso aconteceu comigo…”

A lua cheia e os corvos
Os retirantes, ocupantes do espaço todo da tela, mal nos permi- tem notar a lua cheia e escura e a profusão de corvos no céu, em vez de estrelas.
A lua cheia, comumente associada à anunciação de tempos de loucura no homem e uivos nos animais, também “correspon- de à Grande Mãe”. A lua que resplandece no céu era vivida na Antiguidade como sinal de plenitude e fertilidade, benéfica para toda a natureza e especialmente fecunda para a psique feminina. Quando a lua concluía a última fase e desaparecia, “realizava-se a dramática Lua Negra, a ausente, passando a ser o demônio da obscuridade” (Sicuteri, 1986 p. 61). Proponho assim que a lua negra de Portinari revela, na tela, a obscuridade da vida sofrida, tão difícil de ser dita em palavras, quanto de a vermos desenhada.
O corvo simboliza a morte, a solidão, o azar, o mal presságio. Por outro lado, pode simbolizar a astúcia, a cura, a sabedoria, a fertilidade, a esperança. Essa ave está associada ao profano, à magia, à bruxaria e à metamorfose.
É recente a associação do corvo com o mau agouro, a morte, o azar. Entretanto muitas culturas acreditam que essa ave mística simboliza aspectos positivos, como por exemplo, para os ameríndios simboliza a criatividade e o sol; para os chineses e japoneses o corvo simboliza a gratidão, o amor familiar, o mensageiro divino que representa o bom presságio2.
Em algumas tradições africanas e nativas americanas, o cor- vo é um guia benevolente cuja visão aguçada lhe permite enviar alertas aos viventes e que também orienta os mortos em sua jornada final. Dá para acreditar que essas aves, essa lua negra (Sicuteri, 1986), podem ser reveladoras da luz, do sol e do renascimento? É possível considerar que uma traição conjugal é capaz deanunciar novos ventos em uma relação falida, primeiramente consigo mesma, cindida, em pedaços? São 33 corvos e noveso- breviventes em pinturas triangulares, influência de Picasso sobre Portinari, que ficou impressionado com a “Guernica”. As pes- soas dispostas em três: avô, neta e neto; mãe bebê e outro filho; pai, filha e filho e a barriga evidenciando uma nova gravidez. Pessoas férteis e famintas. Olhos que não enxergam… ou veem tudo. É a luta dos retirantes por um mundo novo. Sozinhos, profundamente sós, em terreno árido de água e de semelhantes. O silêncio dos retirantes expressa o anseio insatisfeito pela bus- ca de uma compreensão sem palavras, alimentando ainda mais o sentimento de solidão, por não encontrarem mais a relação primeira (habitualmente a mãe), quando o contato íntimo de
inconsciente para inconsciente era também sem palavras.

Reunir-se em um lugar para se tornar inteiro.

Poderíamos dizer que Portinari agrupa a família em um holding físico para dar a dimensão do emocional em curso e acolher, como Winnicott aponta, mencionado por Ogden (2013), a dor dos retirantes, reunindo-os em um lugar para os tornar intei- ros. Os retirantes podem assim, nessa experiência comunicada como um fenômeno transicional, ser uma faceta do processo de internalização da função materna de sustentar uma situação emocional no tempo. Essa área entre a fantasia e a realidade, apontada por Winnicott como a raiz do simbolismo no tempo e na vida experenciada, Portinari permite que a vivenciemoscomo um processo de internalização do ambiente agreste e árido e das relações humanas quando se sustentam a partir do real interno e externo. E “o espaço mental e a capacidade de pensar são cria- dos pela estrutura que permite separação e ligação entre obje- tos internos e self e outros, ao invés de fusão ou fragmentação” (Breen, 1996, p.105).
Se é viável pensarmos que o reunir pode significar “tornar-se inteiro”, a pintura de Portinari, bem como meu encontro com a paciente, que disse “para o meu mal não há cura”, me evocam a cura como possibilidade. A palavra cura vem da raiz latina cura (Cunha, 1986, p. 234), cuidado. E cuidar se origina de cogitare (Ferenczi, 1924/2011), cogitar, imaginar, pensar, tratar de, dar atenção a, ter cuidado com… Partilho a música “A cura”, do Lulu Santos, que emergiu na sessão com a paciente supracitada, em quea letra trouxe novos significados ao nosso caminhar psicanalítico.

🎵
A CURA
Existirá
Em todo porto tremulará

A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará

Uma ponta de esperança
E se virá
Será quando menos se esperar

Da onde ninguém imagina

Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra
Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir de vez a noção

Na qual se crê
Que o inferno é aqui
Existirá
E toda raça então experimentará

Para todo mal, a cura 🎵


Na última estrofe da melodia que canta – para todo mal, a cura –, o “a” não é com “h”, de existir. Conjecturamos, Maria e eu, que para todo mal há a possibilidade do cuidado humano. E, ao invés do afastamento pedido através da diminuição do nú- mero de sessões, cogitamos (de onde se origina a palavra cuidar) que a confirmação deste asseguraria sua falência e seu desfazi- mento como pessoa inteira. Nossa caminhada continua. Recen- temente, com maior número de sessões, temos dado vazão aos seus pesadelos prenhes de maus agouros, até então revestidos por uma pseudossegurança expressa no seu modo de ser auto- ritário, “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, tanto no trabalho como em suas relações afetivas. Esse modo opressivo e opressor já estava presente na vinheta anteriormente relatada, quando me pediu para que a liberasse das demais sessões. Temos reunido e procurado sustentar em um holding real interno e ex- terno, migrando e imigrando pelos estados primitivos da mente humana, que lhe permite sair do “ai, ai, ai” contido na epígrafe deste trabalho e ir para o “e aí…” que anuncia possibilidades de movimento e de busca.
A “cura” da incompletude Portinari colocou em tela. Eu co- loco, em palavras associativas sonhantes, a busca da cura como cuidado, com base na esperança realista, no próprio limite da liberdade e na resiliência que é do ser humano vivo que vai além do simplesmente viver.

O Papel da pele como envelope psíquico

Nossa pele é uma linha direta de comunicação entre o mundo exterior e o nosso cérebro. Através da pele registramos as primeiras impressões, aquelas que permanecerão em nós esquecidas, mas jamais serão apagadas. A qualidade dessas primeiras experiências sensoriais é, portanto, crucial para definir o sujeito que seremos na vida. 

Quando se fala de um Eu-pele como fundador do psiquismo, não é somente uma forma poética de olhar para essa etapa do desenvolvimento humano. É uma verdade neurobiológica, cujo potencial subjetivante poderá se desenvolver com muita ou pouca qualidade dependendo do tipo de alimento que o corpo que acabou de nascer recebe. Um trato delicado, amoroso e presente de verdade com o bebê é tão fundamental quanto as doses de leite tecnicamente recomendadas. Porque é no acúmulo das sensações registradas por nosso Eu-pele que vamos conseguir construir – ou não – uma noção continente, de dentro e de fora, essencial para permitir nossa individuação e evitar que nos tornemos adultos sem bordas nem limites.  

Núcleo do Bebê: a constituição do psiquismo, com o “O Eu-pele”, de Didier Anzieu

Horizontes Psicanalíticos

É com grande alegria e satisfação que apresentamos o nosso mais novo projeto, Horizontes Psicanalíticos a revista da clínica e instituto horizontes. Nela abordamos temas atuais e condizentes com a situação que estamos vivendo.

Adoção

O tema Adoção nos convida a pensar em muitos fatores que envolvem esse processo. É uma medida judicial de colocação em família substituta de criança ou adolescente, como solução para os casos de abandono, quando a família original não se acha em condições de cria-la por não possuir recursos materiais ou estrutura emocional e psicológica para uma adequada formação, propiciando à criança ou adolescente refazer os seus laços de filiação.

O processo de adoção no Brasil envolve regras básicas, ainda desconhecidas da maioria. Um dos pré-requisitos ao interessado, com idade igual ou superior a 18 anos, é encaminhar-se a uma vara da Infância e Juventude e preencher um cadastro com informações e documentos pessoais, antecedentes criminais e judiciais. Atualmente, o preenchimento desse cadastro também é feito de forma remota.

Depois de colhidas as informações e os dados do pretendente, o juiz analisa o pedido e verifica se foram atendidos os pré-requisitos legais. A partir daí, os candidatos serão convocados para entrevistas e, se aprovados, passam a integrar o sistema nacional, que obedece à ordem cronológica de classificação. Um pretendente pode adotar uma criança ou adolescente em qualquer parte do Brasil por meio da inscrição única. Quando a criança ou adolescente está apto à adoção, o casal inscrito no cadastro de interessados é convocado.

A temática da adoção faz-se presente na história da humanidade desde os mais primórdios tempos. Analisando a história das civilizações e, de modo mais específico, a história da instituição familiar, ou mesmo o legado da mitologia e da tragédia greco-romana e as tradições religiosas de diferentes culturas, é possível perceber que o gesto de adotar e/ou de colocar crianças e adolescentes em famílias substitutas, define um traço típico nos paradigmas de paternidade, maternidade e filiação, pois representa a possibilidade da construção de vínculo afetivo. Na prática, a adoção ocorre desde o início das civilizações, pois sempre existiram mães e pais que, por diferentes motivos e impossibilidades, abandonaram e entregaram seus filhos. A adoção, como uma possibilidade legal sempre existiu nos países em que a legislação seguiu o direito romano, no qual a linhagem e o patrimônio eram valores predominantes. Segundo Yama (2004), o objetivo da adoção na antiguidade era dar continuidade à família e não de encontrar uma família para as crianças abandonadas, modelo vigente na adoção chamada moderna.

Toda a criança em direito a um lar e uma família e, segundo Riede e Sartori (2013), quando a família não tem condições de criá-la, não possui recursos materiais e muito menos psicológicos, o Estado intervém e encaminha a criança a uma Instituição para posterior adoção. Essa é a finalidade da adoção: oferecer um ambiente favorável ao desenvolvimento de uma criança que, por algum motivo, ficou privada de sua família biológica.

A adoção também pode ser definida como o estabelecimento de relações parentais entre pessoas que não estão ligadas por vínculos biológicos diretos. É uma forma de proporcionar uma família às crianças que não puderam ser criadas pelos pais que a geraram. Constitui-se também na possibilidade de ter e criar filhos para pais que não puderam tê-los biologicamente, ou que optaram por cuidar de uma criança com quem não possuíam ligação genética. Deste modo, as relações parentais que se formam na família adotiva baseiam-se mais especificamente nas intersecções afetivas que caracterizam os seus membros do que na continuidade biológica, que não existe nestes casos. Há uma ampla gama de motivos que levam um casal a adotar uma criança: questões de infertilidade; pais que afirmam que “sempre pensaram em adotar”; a morte de um filho biológico; o contato com uma criança abandonada que suscita o desejo de cuidar dela; o desejo de ter filhos quando já não é mais possível biologicamente; o parentesco com pais biológicos que não podem cuidar da criança; pessoas que não possuem um parceiro, mas querem exercer a maternidade ou a paternidade; o medo de uma gravidez; o argumento de que “há muitas crianças necessitadas” e é melhor adotá-las do que pôr mais crianças no mundo.

Segundo Levinzon (2006), para que ocorra uma adoção com uma boa preparação psicológica, recomenda-se que os futuros pais adotivos possam discriminar com clareza o que os mobiliza a adotar uma criança. As diversas motivações expressam pensamentos conscientes e fantasias inconscientes que podem representar futuros entraves no relacionamento com a criança.

A criança adotada precisa sentir que tem um lugar dentro de uma família que não representa somente a prova de bondade dos seus pais. Segundo Winnicott (1953), quando as crianças passaram por privações importantes, os pais adotivos precisam saber que não estão adotando apenas a criança, mas serão terapeutas de uma criança carente. Onde o papel dos pais será mais que um manejo comum, devendo estes agir com mais cuidado e criando um vínculo terapêutico com a criança.

Atualmente no Brasil, no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, existem quase 34 mil crianças e adolescentes abrigados em casas de acolhimento e instituições públicas por todo o país. Destas, 5.040 estão totalmente prontas para a Adoção. Na outra ponta estão mais de 36 mil pessoas interessadas em adotar uma criança. A conta não fecha, porque 83% das crianças tem mais de 10 anos e apenas 2,7% das pessoas aceitam adotar nessa faixa etária.

Diante disso, a Clínica Horizontes, convida a todos para participarem do nosso Grupo de Estudos sobre adoção. Um espaço para podermos estudar e pensar os inúmeros fatores que envolvem esse tema tão importante e relevante na nossa sociedade.

Autora: Sara Fagundes

Texto elaborado para o Grupo de estudos em Parentalidade, Reprodução assistida e Adoção.

Para mais informações entre em contato: (51) 3019 1799 (51) 997 667 377